O “cidadão de bem”, Marielle e a política

Por Luiz Alberto Marques Vieira Filho

Após 4 derrotas consecutivas nas urnas, a classe média decidiu que precisaria fazer política com as próprias mãos. Como não acreditavam mais que políticos tucanos pudessem recuperar o poder, então tiveram que despir de seu cinismo de indiferença e entrar no debate público.

Mas ao fazer política, a classe média se despiu em público e mostrou todo o seu caráter, na verdade, a falta dele. Vale tudo para seus fins políticos, mentir deslavadamente, difamar mortos, ameaçar pessoas e se aliar com os esgotos da sociedade. No fundo, o “cidadão de bem” é mais sem vergonha que seus representantes tucanos.

Certa vez, mostrei de forma cabal a uma teoricamente honrada dona de casa, zelosa de seus princípios familiares, que aquilo que ela difundia era a mais deslavada mentira. Como ia de encontro a suas concepções políticas, minimizou a mentira dizendo que em outras ocasiões poderia ser verdade e manteve a crítica sem vergonha.

O caso Marielle ilustra isso perfeitamente. Diante de um assassinato, os “cidadãos de bem” não hesitam em inventar histórias sobre financiamento pelo Comando Vermelho, relacionamento com Marcinho VP, tudo sem a menor verossimilhança ou algo que embase suas fantasiosas afirmações.

No fundo, a crise que vivemos é fruto dessa falta completa de caráter. Sem um mínimo de dignidade, não é possível a uma sociedade resolver seus problemas com alguma racionalidade. De fato, o Brasil é uma sociedade de canalhas, incluindo aqueles que se pensam tão honrados e bem-sucedidos cidadãos.

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