Articulação política e o Waterloo de Lucas Pocay

Por Luiz Alberto Vieira

Lucas Pocay é tido pelos curiosos em política como imbatível. A expressiva votação em 2012, quando teve 3.281 votos e foi o vereador mais votado, a herança familiar de um dos mais tradicionais grupos políticos locais e a enorme rejeição da prefeita tornariam a eleição de Lucas uma barbada.

Mas políticos experientes sabem que eleição não se ganha na véspera. O próprio Claury venceu eleição perdida em 1992 e Serra, líder absoluto nas pesquisas em 2010, foi derrotado pela estreante Dilma.

A despeito da enorme rejeição, a reeleição de Belkis não é perdida. É importante termos em conta que 20% dos eleitores sequer aparecem às urnas, enquanto de 7% a 10% dos votos são anulados ou são em branco. Desta forma, só interessa a opinião de 70% do eleitorado.

Dos votos inválidos, é de se supor uma rejeição ou indiferença em relação à política. Gente que reclama muito da gestão da prefeita, mas não crê em nenhum dos projetos alternativos.

Em Ourinhos, a eleição é disputada em turno único. Com muitos candidatos é possível ser eleito com algo entre 35% e 40% dos votos válidos, ou que representa algo como 24,5% a 28% do total de eleitores.

Quando a eleição chegar de vez, 350 cargos de confiança, que hoje tem vergonha de Belkis, estarão na perspectiva de o reeleger Belkis ou não ter como pagar suas contas de agua e luz em janeiro de 2017. O estomago falará mais alto e um exército desse tamanho jamais pode ser menosprezado. Ainda mais em eleições com campanhas atrofiadas pelo fim do financiamento empresarial de campanha, quando os recursos para pagamentos de cabos eleitorais minguarão fortemente.

Assim, o pior cenário possível para Belkis seria um cenário de polarização, com poucos candidatos viáveis. Consequentemente, a polarização é o cenário que Lucas Pocay deveria ter construído.

No entanto, Lucas Pocay tem cometidos graves erros na articulação política, o que poderá inviabilizar sua vitória nas eleições de outubro. Até o momento, existem 2 duas candidaturas com potencial de votos a de Gilberto Severino, com apoio do Capitão Augusto, e a do PT.

Lucas Pocay cometeu os maiores erros políticos na aproximação com o PT. Apostou tudo na relação com o vereador Inacinho.

O general chinês Sun Tzu, autor de “A Arte da Guerra”, dizia que um bom estrategista deveria conhecer os territórios de suas ações e contar com a disciplina de subalternos. O que não parece ser o caso de Lucas.

Ao colocar todas suas fichas na relação com Inacinho, Lucas demonstrou desconhecer o território petista, onde o nome mais forte no diretório ainda é Toninho do PT e a militância do partido, que costuma não aceitar bovinamente decisões de caciques.

Nem mesmo a provável ida do vereador Inácio ao PTB ou PSB pode ser considerada uma vitória de Lucas. Quem queria um segmento social, terá que se contentar com apenas um político.

Mais grave, a imprensa aliada a Lucas Pocay age como metralhadoras em mãos de macacos, destruindo pontes e  qualquer possibilidade de relação com um partido que em seu pior momento possui a simpatia de 15% dos eleitores.

Aliás, o PT não foi o único alvo desses inábeis jornalistas que apoiam Pocay. As dificuldades na saúde pública foram debitadas na conta do empresário Celso Zanuto. Num movimento ininteligível, a imprensa de Lucas jogou para a sociedade civil responsabilidades que facilmente poderiam ser atribuídas à prefeita Belkis. Agora, toda tentativa de aproximação parte da lambança anterior, que deixou desconfiança em todo o empresariado local.

Se os ataques amalucados são fruto de uma estratégia amalucada de Lucas ou da falta de comando sobre a tropa, pouco importa. Os estragos estão aí.

Por fim, Lucas Pocay não foi capaz de estabelecer uma relação estratégica com o Deputado Federal Capitão Augusto (PR-SP), que com o cargo na mão, agora busca o domínio político local, rifando os Alves da Silva e Toshio Misato, que sempre o toleraram politicamente.

Nesse sentido, a saída de Gilberto Severino do PSDB para o PR do Capitão, notícia do Jornal Contratempo que inclusive foi curtida pelo próprio tucano, mostra o assanhamento político do deputado para as eleições municipais.

Muitos analistas políticos inexperientes colocam excessivo peso no recall de uma candidatura, que é a lembrança de um candidato antes das eleições. No entanto, sem musculatura política, nenhuma candidatura resiste a 3 meses de pancadaria no período eleitoral. A facilidade com que a candidatura de Mariana Silva foi descontruída está aí para não deixar dúvidas nem no militante mais apaixonado de Lucas Pocay.

Se Lucas continuar errando, o caminho para a derrota estará pavimentado. Antes do fiasco, seria bom ouvir os conselhos do tio Claudinei.

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