Diretor das FIO proibiu manifesto #EleNão na faculdade: “nós não trazemos política pra falar aqui dentro”

Na quarta-feira, 02 de outubro, os alunos das Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO) entraram em contato com a redação do Jornal Contratempo para relatar um episódio de autoritarismo dentro da instituição. A situação foi motivada pela organização de um manifesto entre os estudantes.

Na última semana, os alunos da FIO vinham planejando, pelas redes sociais, uma forma de unir-se para apoiar o movimento #EleNão dentro da faculdade. Determinaram, então, que durante o intervalo das aulas da quinta-feira, 04, reuniriam-se para fazer um coro da música “Bella Ciao” na versão “#EleNão”.

No entanto, o diretor das FIO, ao saber da movimentação, decidiu proibi-los de se manifestarem dentro da instituição, mesmo que durante o intervalo das aulas.

Os alunos de vários cursos da faculdade relataram que o diretor, de forma agressiva, entrou nas salas e interrompeu as aulas — incluindo no momento de uma avaliação — para avisar da proibição da manifestação. Além disso, o diretor proferiu ameaças de expulsão e demissão aos alunos e professores que insistissem na organização do ato.

O Jornal Contratempo entrou em contato com o diretor, Bianor Costa Freire Colchesqui, e questionou-o sobre o ocorrido.

Na primeira menção a manifestação, o diretor respondeu que a instituição é apartidária. “Não temos partido nenhum, não tem manifestação nem pra A, nem pra B e nem pra C” — explicitou Bianor. Disse também que “efetivamente nenhuma manifestação acontece aqui, porque nós não trazemos política pra falar aqui dentro”.

O diretor defendeu-se e afirmou: “respeitamos a diversidade […] nós temos aqui dia da Consciência Negra, LGBT, tudo o que você imaginar” e que “temos alunos que são PT que estudam aqui, que nós acolhemos”.

Durante a entrevista, ao explicar para o diretor que entramos em contato porque o jornal tem a responsabilidade de escutar as diferentes versões, o diretor mencionou que “o mesmo pessoal que ‘tá’ falando pra você aí, ‘tá’ postando em redes sociais ameaças de morte ao diretor […] está tudo sendo ‘printado’ e guardado”.

Ao ser questionado sobre a expulsão de alunos e demissão de professores, o diretor esclareceu: “a manifestação não é para acontecer! Aqui é particular, não é empresa pública, aqui tem dono e, se tem dono, o dono escolhe quem trabalha com ele”.

No final da entrevista, o diretor avisou que essa história pode “sobrar” para o jornal, mas que nós publicássemos o que quiséssemos.

O Jornal Contratempo é uma iniciativa de jornalismo independente, sem fins lucrativos e que preza por dar espaço aos grupos que têm suas vozes comprometidas pelo jornalismo tradicional nas cidades da região de Ourinhos. Matérias sem checagem e que não podemos responder pela procedência não são veiculadas pelo jornal. Esta matéria foi construída sobre depoimentos plurais e espaço de fala para ambas partes.

O ocorrido nas Faculdades Integradas de Ourinhos foi relatado à UNE (União Nacional dos Estudantes) que presta apoio aos alunos e repudia qualquer atitude que transgrida o direito fundamental de liberdade de pensamento e expressão, sobretudo, dentro das universidades brasileiras.

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