Novo Superintendente da SAE nomeado por Lucas Pocay teve nome envolvido em escândalo nacional de corrupção

Nomeação de Marcelo Simoni Pires no Diário Oficial do Município (21/06/17)

Foi nomeado pelo prefeito Lucas Pocay,  nesta quarta-feira, 21, no Diário Oficial do Município, o novo Superintendente da SAE, Marcelo Simoni Pires (veja imagem ao lado).

De acordo com  informações recebidas pelo Contratempo, na noite desta quarta-feira, 21, o novo superintendente da SAE teve seu nome envolvido em um escândalo de corrupção que ficou conhecido como “Operação Navalha” em 2007, na época em que ocupou o cargo de diretor da Empresa São Gabriel Saneamento S/A, após ser denunciado pelo vereador  Lizandro Cavalheiro (DEM), que apontou na ocasião, um  suposto envolvimento de dirigentes da empresa, entre eles, Marcelo Simoni Peres, em atos ilícitos em São Paulo e estados do nordeste.

Em São Paulo, o Ministério Público entrou com ação civil pública pedindo o bloqueio dos bens e a quebra dos sigilos bancário e fiscal de todos os envolvidos na licitação e na assinatura do contrato de R$ 1,6 bilhão de concessão do sistema de esgoto de Mauá firmado entre a empresa Gautama e a prefeitura do município, em 2002. São citados, entre outros, o empresário Zuleido Veras, dono da Gautama, e o ex-prefeito de Mauá, Oswaldo Dias.
Na ocasião, a Ecosama (representado por Marcelo Simoni Pires), controlada pela Construtora Gautama, de Zuleido Veras, detinha a concessão do serviço de esgoto da cidade de Mauá. O contrato, também assinado pelo ex-prefeito Dias (de Mauá), era de R$ 1,62 bilhão por um prazo de 30 anos (mesmo prazo de São Gabriel) e foi condenado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Entre os ligados à Gautama estavam Rodolpho Veras e Maria Clara Veras, proprietários da construtora Mandala e filhos de Zuleido Veras, e Dagoberto Antunes da Rocha e Marcelo Simoni Pires – Diretor que respondeu pela Empresa em São Gabriel, representantes da Empresa Concessionária de Saneamento de Mauá S/A (Ecosama), criada pela Gautama para administrar a concessão.
Existem semelhanças nos processos licitatórios. Em Mauá, mais de 20 empresas se inscreveram para concorrência, mas somente duas foram habilitadas. Segundo nota, nenhuma das interessadas atendia os requisitados estabelecidos no edital (entre eles, os valores impostos). Em São Gabriel, apenas três empresas se habilitaram, mas o vencedor acabou sendo o Consórcio São Gabriel Saneamento (formado pelas empresas Vega Engenharia Ambiental Ltda e G-Mec).

Novo Superintendente responde a processo em Mauá(SP)

A reportagem do Contratempo fez uma consulta ao sistema do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) e apurou que o novo superintendente da SAE, Marcelo Simoni Pires responde como representante legal da empresa ECOSAMA, à uma Ação Civil Pública na cidade de Mauá/SP. Em primeira instância, o juiz rejeitou a ação do MP, que recorreu. O TJ-SP deu provimento ao recurso e determinou o processamento da ACP, para que sejam apuradas as responsabilidades dos envolvidos. O processo ainda está em grau de recurso.

 

Leia abaixo, a matéria publicada em 25 de março de 2012, no portal Notícia Online de 2012,  sobre o escândalo financeiro, que teve entre os envolvidos, o novo Superintendente da SAE, Marcelo Simoni Pires:  (https://n1noticia.wordpress.com/2012/03/25/vereador-denuncia-envolvimento-de-empresa-de-saneamento-em-atos-ilicitos-fora-do-estado/):

A Justiça de São Gabriel vai analisar uma série de documentos entregues pelo vereador Lizandro Cavalheiro (DEM) denunciando o suposto envolvimento de dirigentes da Empresa São Gabriel Saneamento S/A em atos ilícitos em São Paulo e estados do nordeste. O diretor da empresa, no Município, Marcelo Simoni Pires, que aparece em fotos com o prefeito Rossano Dotto Gonçalves na solenidade de assinatura do contrato de concessão dos serviços de saneamento no Município, foi apontado em investigação da Polícia Federal, no caso que ficou conhecido nacionalmente como Operação Navalha, em fraudes com dinheiro público.
A Operação Navalha aconteceu no dia 15 de maio de 2007 com o objetivo de desbaratar esquemas de corrupção relacionados à contratação de obras públicas feitas pelo governo federal. As supostas acusações levaram à queda do então ministro das Minas e Energia Silas Rondeau na semana seguinte.
O esquema utilizado pela quadrilha consistia em superfaturar obras previstas no PAC. Os presos já discutiam, sem mesmo haver licitação das obras nem contratos, meios de corrupção. Na noite anterior à Operação, alguns membros da Máfia se reuniram e discutiram métodos de roubo. Para se ver o tamanho da Operação, o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT) só não foi preso por decisão do STJ.

 Foram presas 74 pessoas, dentre elas José Reinaldo Tavares (PCB), dois sobrinhos do governador Jackson Lago (PBT-MA) – Alexandre de Maia Lago e Francisco de Paula Lima Júnior – além dos prefeitos de Sinop, Nilson Aparecido Leitão (PSDB-MT), e de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT-BA). Caetano teve a sua inocência comprovada pelo Ministério Público depois de 2 anos. Também foi preso o então conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe Flávio Conceição de Oliveira Neto, que foi aposentado compulsoriamente do cargo e recorreu da decisão (a questão ainda será julgada pelo Supremo Tribunal Federal).
A Polícia Federal sustentava ainda que o ministro de Minas e Energia Silas Rondeau teria recebido propina em seu gabinete para premiá-lo por supostas vantagens oferecidas à Gautama, do empresário Zuleido Veras, numa licitação do Programa Luz Para Todos, destinado a levar luz elétrica a zonas rurais.
Gautama é uma empreiteira brasileira comandada pelo empresário Zuleido Veras. Seu nome seria uma alusão a Sidarta Gautama, o Buda.
A Gautama foi fundada em 1995, tendo como sócios principais dois antigos executivos da empreiteira OAS, Zuleido Veras no braço político e Latif Abud na parte operacional, mas a sociedade não durou e Veras acabou assumindo o controle da empresa. Apesar de a Construtora Gautama ter uma longa história na execução de contratos milionários em todo país ela ganhou notoriedade nacional apenas no ano de 2007 ao ser denunciada pela Operação Navalha.
No entanto as suspeitas de irregularidades da empresa vão além das licitações apontadas na operação da Polícia Federal. No ano anterior (2006), já havia várias denúncias do TCU consideradas graves contra a empresa, como nos casos do Aeroporto Internacional de Macapá e da BR-319. Mas a história de acusações de fraude cometidas pela empresa vai ainda mais longe, como demonstram registros de casos ocorridos em 1997, 2001 e 2003.
Em 2007 os contratos sob suspeita da empresa somavam R$ 499,96 milhões. O valor total dos contratos realizados pela construtora está estimado em R$ 1,5 bilhão.
A mesma Operação derrubou uma quadrilha chefiada pelo empreiteiro Zuleido Soares Veras, dono da empreiteira Gautama e das empresas Mandala, Ecosama e Silte. Ele era acusado de desviar recursos públicos federais e de diversos estados da federação, tais como Alagoas, Bahia, Maceió, Maranhão, Mato Grosso e Sergipe. No total, a PF cumpriu 48 mandatos de prisão preventiva e 84 mandatos de busca e apreensão, todos decretados pela ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça.

Esquema em São Paulo

Em São Paulo, o Ministério Público entrou com ação civil pública pedindo o bloqueio dos bens e a quebra dos sigilos bancário e fiscal de todos os envolvidos na licitação e na assinatura do contrato de R$ 1,6 bilhão de concessão do sistema de esgoto de Mauá firmado entre a empresa Gautama e a prefeitura do município, em 2002. São citados, entre outros, o empresário Zuleido Veras, dono da Gautama, e o ex-prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT).
A Ecosama (representado por Marcelo Simoni Pires), controlada pela Construtora Gautama, de Zuleido Veras, detém a concessão do serviço de esgoto da cidade de Mauá desde 10 de janeiro de 2003. O contrato, também assinado pelo ex-prefeito Dias (de Mauá), é de R$ 1,62 bilhão por um prazo de 30 anos (mesmo prazo de São Gabriel) e foi condenado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Entre os ligados à Gautama estão Rodolpho Veras e Maria Clara Veras, proprietários da construtora Mandala e filhos de Zuleido Veras, e Dagoberto Antunes da Rocha e Marcelo Simoni Pires – Diretor que vai responder pela Empresa em São Gabriel, representantes da Empresa Concessionária de Saneamento de Mauá S/A (Ecosama), criada pela Gautama para administrar a concessão.
Existem semelhanças nos processos licitatórios. Em Mauá, mais de 20 empresas se inscreveram para concorrência, mas somente duas foram habilitadas. Segundo nota, nenhuma das interessadas atendia os requisitados estabelecidos no edital (entre eles, os valores impostos). Em São Gabriel, apenas três empresas se habilitaram, mas o vencedor acabou sendo o Consórcio São Gabriel Saneamento (formado pelas empresas Vega Engenharia Ambiental Ltda e G-Mec).
Assim como em Mauá, o contrato assinado na semana passada vale por 30 anos. Os valores é que são bem diferentes, mas envolvem cifras altíssimas também. A empresa “promete” investir R$ 110 milhões durante o tempo de contrato, além de anunciar redução de tarifas e investimentos imediatos.
O vereador Lizandro Cavalheiro apresentará oficialmente na sessão legislativa desta segunda-feira (26) pedido de informação. O vereador anunciará encaminhamento feito a Justiça, alertando o envolvimento de diretores da São Gabriel Saneamento em crimes apontados na Operação Navalha.
A relação antiga do prefeito de São Gabriel, Rossano Dotto Gonçalves (PDT), com integrantes da empresa vencedora também é relacionada.  O empresário Luis Augusto Rosa Gomes (agora Diretor presidente da São Gabriel Saneamento) é o Diretor Presidente da Solvi Saneamento, a mesma que fez doação de campanha para o prefeito.  O presidente do Conselho Administrativo, Lucas Quintas Radel é sócio da Vega, empresa que também aparece na relação de doações para a campanha à deputado de Gonçalves.  A Vega teria doado R$ 10 mil.
Revita, que vinha sendo anunciada ainda no começo do governo Rossano, está ligada a Solví, que por sua vez é braço da Vega Engenharia, que é ligada OAS.  Todas as empresas tem ligação com o grupo francês Suez.  A Empresa OAS doou R$ 50 mil para a campanha do prefeito à Assembleia Legislativa.
Na reunião, na prefeitura municipal, que oficializou a Empresa São Gabriel Saneamento à frente dos serviços de saneamento no Município, estiveram presentes o diretor presidente da São Gabriel Saneamento, Luis Augusto Rosa Gomes, o presidente do Conselho Administrativo, Lucas Quintes Radel, o diretor local que vai responder pela empresa na cidade, Marcelo Simoni Pires, o diretor geral de desenvolvimento Josemar Martins e o diretor de desenvolvimento da São Gabriel Saneamento, Leonardo Silva Macedo. A previsão é de que no prazo de 30 dias a nova empresa assuma o serviço de fornecimento e tratamento de água na cidade.

 

 

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