Ourinhos tem quase 200 empresas fechadas em dois anos

Reportagem do Contratempo verificou ‘in loco’ várias empresas fechadas em Ourinhos

A crise econômica que vive o Brasil nos últimos dois anos, tem se refletido na cidade de Ourinhos e municípios da região, fato que provocou o fechamento de dezenas de empresas nos últimos meses e fez duas novas vítimas no início deste ano.

Uma delas foi o Disk Verde, tradicional sacolão de hortifrútis localizada na Av. Domingos Camerlingo Caló, que após muitos anos no ramo, foi obrigada a fechar as portas. De acordo com as informações obtidas pela reportagem, a empresa foi ‘engolida’ pelos supermercados da cidade, que passaram a oferecer os mesmos tipos de produtos e a preços melhores, já que os supermercados têm ‘condições de comprar grandes quantidades, e desta forma oferecer ao consumidor final, um preço mais acessível.

Outro caso simbólico da crise, foi a franquia da loja ‘Poderoso Timão’ que durante quatro anos em Ourinhos, se tornou referência de vendas dos produtos oficiais licenciados pelo Corinthians, uma das equipes mais populares do Brasil e com uma fanática torcida que faz questão de comprar os produtos oficiais de sua equipe de coração.

Poderoso Timão foi a falência após 4 anos Foto: Roberto Kaihara

Após um período de grande sucesso junto aos corintianos de Ourinhos, que tiveram oportunidade de conhecer de perto, ídolos da torcida alvinegra como Neto, Marcelinho Carioca, Tupãzinho e Biro-Biro, a loja sentiu o reflexo da crise, com a queda nas vendas, pois muitos de seus clientes perderam seus empregos ou viram seu poder aquisitivo cair e não tiveram mais condições de comprar os produtos do seu time de coração com a mesma frequência de antes, o que acabou sendo fatal para a loja, que fechou suas portas no início de fevereiro.

Quase 200 empresas fechadas em 2 anos  

De acordo com informações obtidas pelo Contratempo, nos dois últimos anos, quase 200 empresas fecharam suas portas na cidade de Ourinhos, fato que pôde ser verificado por nossa reportagem. Em apenas uma breve rodada pelos principais pontos comerciais da cidade, flagrou diversas portas fechadas com placas de aluga-se e passa-se o ponto (veja fotos abaixo).

Em entrevista ao Contratempo, o vice-presidente da ACE (Associação Comercial e Empresarial) de Ourinhos, Alexandre Mariani, falou sobre a delicada situação vivida e deu algumas dicas de como é possível contornar as dificuldades trazidas pela crise econômica nacional e seguir em frente com seus negócios, sem o risco de se ver obrigado a fechar suas portas, como está acontecendo com dezenas de comerciantes ourinhenses. “Cada vez mais é muito importante que o proprietário de um estabelecimento comercial, seja de qual ramo for, tenha formação profissional em sua área de atuação, procurando conhecer o setor de recursos humanos de sua empresa, além de todos os outros setores envolvidos para seu pleno funcionamento. É fundamental que nesta crise acima de tudo, o proprietário conheça profundamente os pontos fracos e fortes de sua empresa, ter muita prudência e controle, principalmente sobre os gastos fixos, como água, luz, telefone, internet e folha de pagamento dos funcionários”, orientou.

De acordo com Mariani, a ACE tem feito diversas parcerias com entidades, dentre as quais o Sebrae e Senac, a fim de oferecer capacitação e orientação aos comerciantes ourinhenses por meio de palestras. “Somente neste primeiro semestre já temos programadas seis palestras que serão promovidas em parceria com o Sebrae e que irão contribuir para ajudar e orientar os empresários a buscarem soluções para as eventuais dificuldades que estejam vivendo em seus negócios”, revelou.

 

Consumo de energia em Ourinhos desaba e mostra recessão em comércio e indústria

    Os dados do consumo de energia do comércio e da indústria de Ourinhos confirmam  a recessão que já é perceptível nas ruas, conforme dados do Anuário de Energéticos por Município 2016 – ano base 2015 – da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo.

O número de ligações de energia no comércio caiu de 3.561 em 2014 para 3420 ao final de 2015. Desta forma, o fechamento líquido de lojas em Ourinhos foi de 141 estabelecimentos apenas em 2015, quando a recessão apenas começava.

O consumo de energia no comércio, um importante indicador da atividade no setor, caiu 5,10% em 2015 chegando a 47,9 MW, o que indica uma atividade comercial mais fraca do que no município de Assis (54,5 MW).

Além disso, os dados do consumo de energia no setor industrial de Ourinhos também são fracos. O número de estabelecimentos industriais ligados a rede de energia caiu de 452 para 426 em 2015, enquanto o consumo caiu 5,6% em 2015. Com isso, o consumo de energia industrial em Ourinhos foi quase a metade de Santa Cruz do Rio Pardo, 32,8MW e 59,8 MW, respectivamente.

Ainda não existem dados para 2016 sobre o consumo de energia em Ourinhos. No entanto, o balanço contábil da CPFL Santa Cruz, que inclui 24 cidades da região de Ourinhos, mostra uma queda de 7,1% no consumo industrial no 3º trimestre de 2016 frente ao mesmo período do ano anterior. A queda no comércio também foi forte (-5,2%) no período.A retração no consumo de energia na região de Ourinhos foi a 2ª maior registrada no grupo CPFL.

 

Recuperação da Economia está distante

A forte recessão que castiga a economia ourinhense não tem data para acabar. Economistas dizem que a demanda costuma ter como fontes o setor externo, o consumo das famílias, o investimento privado e o gasto público. E nenhum deles está em condições de puxar a recuperação da economia.

Infelizmente, o setor externo sofre com a recente valorização cambial que retirou parte da competitividade das exportações brasileiras. As famílias estão endividadas ou sofrendo com o desemprego e não devem voltar a consumir tão cedo. Já o setor público não pode aumentar seus gastos após a aprovação da emenda constitucional 55 pelo governo Temer.

Desta forma, restaria os investimentos privados para reativar a economia brasileira, mas com capacidade ociosas e sem ter para quem vender não deve retomá-lo assim tão cedo. Além disso, os altos juros pagos pelo Governo Federal são uma tranquilidade para o capital que não deve abrir mão desses rendimentos para incorrer nas aventuras do investimento produtivo em tempos de crise.

Tradicional Disk Verde também fechou as portas

Foto: Roberto Kaihara

 

Erramos

Em nome do Jornal Contrarempo, pedimos desculpas a MMartan Ourinhos. Ao contrário de post de nossa página no Facebook, a MMartan de Ourinhos não alterou seu funcionamento em decorrência da crise.

 

Houve um erro devido a placa de aluga-se ao lado da loja e a informação de liquidação: últimos dias. De fato, eram os últimos dias da liquidação.

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