Quando cidadãos negros se armaram, a direita pediu por desarmamento.
A questão das posse civil de armas de fogo é um tema espinhoso que, como tudo no Brasil de 2020, vem sendo tratada como briga de torcidas, nesse contexto quem mais tem a perder é a compreensão da realidade.
Um ótimo exemplo é o curioso caso ocorrido na Califórnia do ano de 1967.
Qualquer pessoa que se interessa por tiro esportivo ou já leu algo sobre as leis de posse de armas nos EUA acaba tropeçando na seguinte informação: “Dentre os 50 estados dos EUA, a Califórnia é um dos mais rígidos no controle de armas”
(Panteras Negras patrulhando as comunidades afro-americanas após diversos ataques de supremacistas brancos ligados à Ku Klux Klan.)
(Panteras Negras protestam exibindo armas nas portas do Palácio do governo estadual da Califórnia)
Estas demonstrações foram o suficiente para que as forças da direita dos EUA (tradicionalmente defensoras da posse e porte de armas por civis) formassem uma grande aliança em torno de uma bandeira inesperada: A proibição do porte de armas.
A iniciativa foi protagonizada por ninguém menos do que o então governador, e eterno garoto propaganda da direita estadunidense, o republicano Ronald Reagan, que contou também com curioso apoio da NRA (associação nacional do rifle, principal entidade defensora do armamento civil até os dias atuais) para aprovar e sancionar em tempo recorde o “Mulford Act” que impôs boa parte das tais restrições que até hoje marcam o mercado de armas legais no estado da Califórnia.
Não bastando a estranheza dessa mobilização na época, Reagan ainda justificou sua posição afirmando que “não existe razão para cidadãos honestos andarem armados, armas são uma forma ridícula de resolver problemas que podem ser resolvidas com o diálogo entre pessoas de boa vontade”. Posteriormente o mesmo ainda acrescentou que “essas leis não mudariam em nada a vida do cidadão de bem, já que quem não deve não tem nada a temer”.
Em 2020, o Novo Partido dos Panteras Negras volta a marchar pelas ruas exibindo suas armas.