O que mais tem valor: CNPJ ou CPF?
A catástrofe da pandemia é tragédia anunciada há meses e o poder público, em todas as esferas e níveis, sempre tomou medidas pífias, indeciso frente ao falso dilema “salvar vidas ou salvar a economia”. Não conseguiram conter o massacre, nem o desmonte da economia brasileira.
O negacionismo e a cultura fortemente individualista empurram pessoas e instituições a uma atitude de negar a real amplitude do problema. É como se pudéssemos fingir que nada está acontecendo e que, dessa forma, nada aconteceria de fato.
A realidade não se dobra aos nossos desejos. Por mais que tentemos pensar em qualquer outra coisa e tocar a vida “normalmente”, a concretude dos fatos jamais cederá ao que pensamos e sentimos. A atitude impensada de conduzir as eleições, as compras e festas de fim de ano, como se tudo estivesse na normalidade, está cobrando um preço altíssimo.
Em Ourinhos, a Prefeitura tomou medidas paliativas e insistiu em responsabilizar a população por não se cuidar adequadamente. Agora se vê forçada a medidas um pouco mais duras, que nem são suficientes e recebe como resposta uma manifestação de parte dos comerciantes contra o fechamento de seus estabelecimentos.
Nessa queda de braço, perdemos todos. Crer que basta tomarmos medidas individuais para contermos um problema coletivo de saúde, ou é ingenuidade, ou má-fé. Por outro lado, restringir a atividade comercial sem oferecer quaisquer garantias econômicas ou tributárias, é irreal.
É momento de apelarmos para o que nos resta de humanidade e de senso de coletivo para que compreendamos que temos, sim, que parar as atividades não essenciais, incluindo comércio e estabelecimentos de ensino, ao mesmo tempo em que o poder público saia de seu imobilismo e cuide para que nenhum trabalhador perca seu emprego.
Mensagens bonitas de apelo ou lemas religiosos, não bastam. É preciso ação concreta por parte de cada pessoa, cada grupo, cada instituição e cada instância de poder. Ou corremos o risco de ver se ampliar um massacre sem precedentes históricos no Brasil.