Livro de pesquisadora ourinhense lista sementes de plantas da Mata Atlântica coletadas por Quilombolas
A obra surge em apoio ao trabalho de coletores e coletoras de sementes dessas comunidade e traça estratégias de defesa da Mata Atlântica do qual as sementes fazem parte. A publicação organizada pela cientista social, mestranda em Antropologia e pesquisadora em Etnobotânica, a ourinhense Bianca Cruz Magdalena, traz o conhecimento tradicional sobre a floresta e concebe métodos de defesa do bioma.
O guia faz a catalogação de 52 espécies vegetais da Mata Atlântica, com informações morfológicas, os usos associados nos quilombos do Vale do Ribeira e as formas de coleta, beneficiamento, armazenamento e plantio das sementes florestais. Foi elaborado com a colaboração do agrônomo Juliano Silva do Nascimento, também ourinhense e casado com Bianca, Agrônomo com ênfase em agroecologia e sistemas rurais sustentáveis formado pela UFSCar e trabalha no Instituto Socioambiental.
O casal de pesquisadores esta vivendo em Cananéia no Vale do Ribeira há 17 anos, Bianca conta que tem trabalhado na área da antropologia com as comunidades tradicionais quilombolas e caiçaras acompanhando a questão do registro das memórias e histórias.
“As comunidades tradicionais quilombolas que ocupam o Vale do Ribeira há séculos, através da oralidade, da memória e do conhecimento tradicional associado, conservam a mata, sua flora e sua fauna, cujo modo de vida está pautado na identidade étnica, sendo a Rede de Sementes do Vale do Ribeira uma das iniciativas comunitárias exitosas no manejo das sementes florestais para a restauração ecológica e a recuperação de áreas degradadas”, ressalta a pesquisadora.
Segundo ela, o primeiro objetivo para construir o livro era a necessidade de um guia botânico que orientasse os coletores em aspectos científicos em todas as comunidades quilombolas do vale. As comunidades têm uma catalogação própria com uma forma de conhecer as plantas os frutos, têm um conhecimento riquíssimo de quem come o fruto, de como ele vai ser despejado na natureza, onde ele vai nascer mas, às vezes precisava identificar a planta com informações mais técnicas.
“A ideia de produzir o guia era para ser um produto para os coletores, a princípio era para ser um material pedagógico que esses coletores pudessem usar e aí a gente foi pensando o que que poderia ter nesse guia. Para isso fizemos uma revisão da literatura de vários autores que trabalham com a Botânica específica dessas plantas que são 52. Depois fomos a campo nessas comunidades para conversar com esses coletores quilombolas, isso tudo foi num período de pandemia”, revelou a antropóloga.
Atuando direto com as comunidades Quilombolas do médio Ribeira pelo Instituto Sócio Ambiental, o agrônomo Juliano diz que a proposta era de coletar sementes dentro das comunidades e comercializa-las pensando na restauração florestal, buscando um resultado ecológico numa região que concentra o maior maciço de Mata Atlântica que sobrou no país.
“ É o maior fragmento da mata, está com toda essa diversidade e comunidades que habitam e que manejam essa floresta há muitos anos . Fazer esse trabalho dentro de um fragmento é também uma estratégia de valorização do trabalho que essas comunidades fizeram ao longo desse tempo; uma forma também de oferecer dentro da cadeia da restauração florestal de qualidade, de diversidade agregando a questão social e ambiental dessas comunidades, é esse o conhecimento com o qual temos trabalhado esses últimos seis anos.”.
Para saber mais sobre o livro assista o video abaixo da palestra do casal de pesquisadores ourinhenses ao canal do Instituto Sócio Ambiental no You Tube em: https://www.youtube.com/watch?v=vEfuaGwdpdA
O download gratuito em PDF do livro “Do quilombo à floresta: guia de plantas da Mata Atlântica no Vale do Ribeira pode ser feito no link: https://acervo.socioambiental.org/acervo/publicacoes-isa/do-quilombo-floresta-guia-de-plantas-da-mata-atlantica-no-vale-do-ribeira