E.C. Vila Odilon: Na vila das chaminés até a botina servia como chuteira
Por José Luiz Martins – Se a Vila Margarida nasceu em função da ferrovia, a Vila Odilon surgiu por causa da argila matéria prima que beneficia a humanidade há milhares de anos. O precioso barro existente em abundância e excelente qualidade nas várzeas a beira do Paranapanema, foi responsável pelo surgimento da Vila Odilon.
No final dos anos 20 um longo caminho de terra (atual Rua Cambará) que se iniciava no final da atual Rua Paraná e mais a frente seguia paralelamente os trilhos da Cia. Ferroviária São Paulo-Parana era chamada estrada tropeira. Trajeto por onde eram conduzidas as boiadas dos fazendeiros da região, ela continuava pela atual Padre Rui Candido da Silva (antiga Rua Paranapanema) até a ponte Mello Peixoto e as jazidas de Argila, por anos foi o único acesso ao bairro que iria se formar.
Um pedaço dessa estrada existe até hoje, basta seguir em frente após o final do asfalto na Rua Pe. Rui Candido da Silva , esse caminho vai dar no rio e a antigos barreiros de retirada de argila. Distante do centro urbano da pequena Ourinhos, a Vila Odilon se desenvolveu através da intensa atividade ceramista que se instalou ali, atraiu trabalhadores consequentemente
o crescimento da população no local. Durante anos os tijolos e telhas produzidos pelos operários oleiros da vila Odilon foi um dos principais produtos que Ourinhos exportava para toda região. O auge da atividade se deu entre os anos 60 e 80 quando a vila das chaminés chegou a ter quase uma centena de cerâmicas e olarias.
Foram os primeiros oleiros e demais moradores da vila que formaram os primeiros times da localidade. Em 1934 surgiu o Esporte Clube Vila Odilon, onde hoje está a garagem da empresa de ônibus Manoel Rodrigues, ao lado da praça da paróquia de Santo Antonio, ficava o campo que aos domingos reunia os moradores do bairro para ver a bola rolar.
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O fanatismo e o bairrismo eram arraigados, a vila Odilon durante anos suportou a pecha de vila dos ¨Índios¨ devido às encrencas envolvendo moradores do bairro. Isso se dava dentro e fora do campo, Celso Cruz rememora: “Todo mundo se conhecia era como uma família, um por todos e todos por um. As brigas ocorriam por causa da grande discriminação no tratamento do restante da cidade, para com os moradores da Vila. Podia-se dizer tudo, mas se chamassem de índio, era briga na certa.”
O time do Vila Odilon teve altos baixos, além do varzeano disputou campeonato amador e torneios na região, sua história remonta quase 50 anos, pois durou até o inicio da década de 80. Celso Cruz atuou por 13 anos no na equipe, o meio campista passou por outros clubes como o Palmeirinhas onde foi campeão, Ourinhense, Juventude, Lageadinho, equipes de cidades da região e na equipe de veteranos do São Cristóvão, foram vinte anos como atleta.
Sobre o fato do time do Vila Odilon dos velhos tempos ser famoso na cidade como o que “mais dava botinada”, ele diz: “Isso foi no inicio, quando comecei tinha quinze anos era um garoto no meio daqueles homens fortes bem mais velhos, era uma equipe bem ofensiva enquanto eles chegavam firme na disputa, eu corria era magrinho veloz. Naquela época era um futebol diferente tinha muito time bom, o povo acompanhava mesmo, não só em Ourinhos toda região era assim até em amistosos”.
Mas não foi desta vez, o homem continuou por perto da pelota mais alguns anos comandando como presidente a equipe do E.C.São Cristóvão, time que como ele, nasceu e fez a história da Vila Odilon e o seu futebol.