Escola sem partido uma agressão à democracia
por Mário Ferreira
Desde os anos que sucederam o golpe militar de 1964, não se via tamanha agressão à nossa sempre frágil democracia. O atual governo, ilegítimo e reacionário pela própria origem, tenta, a todo custo, impor aos brasileiros um projeto neoliberal e antipopular que busca atender a uma minoria de ricos, especialmente aos rentistas e ao capital internacional.
Nesse contexto, para garantir o pensamento único propagandeado diuturnamente pela grande mídia oligopolista, liderada pela Globo, o governo impõe às escolas, universidades e ao ensino médio (aos alunos e professores), a mordaça e a opressão. Assim, o que as medidas previstas na reforma do ensino médio, associadas ao projeto Escola sem Partido e à PEC [Proposta de Emenda Constitucional] 241, buscam, em seu conjunto, é dificultar a reação popular ao projeto econômico neoliberal e sufocar movimentos de resistência ao arrocho a que serão submetidos os trabalhadores, os aposentados e outros setores mais frágeis da população.
Na verdade, já temos a escola sem partido funcionando a pleno vapor. Essa, associada à propaganda da grande mídia, não permite ao grande público ser informado, por exemplo, de que a maioria dos partidos políticos existentes no Brasil é instrumento usado pela elite econômica para fazer as barganhas e os conchavos que, antes e depois das eleições, transformam em negócio o que seria o interesse público.
Em sua alucinante marcha autoritária rumo ao passado, o atual governo supera todos os limites, assumindo como prática diária métodos fascistas que ameaçam a própria democracia.
Portanto, a ocupação de escolas que se espalha pelo Brasil afora (são mais de 1.000 escolas ocupadas em 19 estados) é um ato de resistência da juventude que, apesar do silêncio da mídia vendida e da omissão dos partidos políticos, e até mesmo dos movimentos sociais, segue atuante. É um ato de legítima defesa que precisa ser apoiado por todos os democratas.