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Sobre os primeiros 100 dias do governo Lula: 3 avanços incontestáveis, 3 desafios urgentes e um fracasso retumbante

Sobre os primeiros 100 dias do governo Lula: 3 avanços incontestáveis, 3 desafios urgentes e um fracasso retumbante

Por Mário Ferreira, ativista político, escritor, biólogo e farmacêutico bioquímico de Ourinhos-SP

Antes de mais nada convém esclarecer que Lula comanda um governo de coalizão que vai da esquerda à centro direita liberal, uma frente ampla que substituiu o governo anterior dominado pela aliança entre extrema direita e os neoliberais ligados aos grande capital financeiro e à exportação de produtos primários. Dito isso, fica evidente que, por conta de sua própria constituição, o governo Lula convive com muitas contradições internas. Mas voltemos ao objetivo de nossa conversa.

Em minha opinião, são êxitos incontestáveis do governo Lula:

1 – a sustentação de nossa frágil democracia enfrentando e debelando o golpe fracassado de 8 de janeiro;
2 – a retomada dos programas sociais como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família, essenciais para minorar a desigualdade social brutal que assola o país;
3 – a reorganização da política ambiental para reduzir o desmatamento e garantir a sobrevivência e a dignidade dos indígenas.

São desafios urgentes do governo e do país:

1 – reduzir fortemente a taxa básica de juros para estimular o consumo e os investimentos produtivos, condições essenciais ao crescimento econômico;
2 – aprovar uma reforma tributária capaz de aliviar a carga de impostos que pesa sobre o consumo, as micros e pequenas empresas e a classe média; para isso é fundamental tributar o capital financeiro, as grandes propriedades e os lucros bilionários;
3 – garantir financiamento a longo prazo e com juros baixos para estimular a industrialização do país, usando para isso os bancos públicos, especialmente o BNDES.

E, infelizmente, o grande fracasso desse início de governo é a questão da comunicação. Não será possível formar cidadãos conscientes e politizados enquanto meia dúzia de famílias continuarem controlando os meios de comunicação de massa; enquanto as emissoras de televisão – concessões públicas – mantiverem programação alienante, onde predominam os conteúdos policiais e a propaganda do fundamentalismo religioso. A reconstrução será penosa; aguardemos.

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