A nova geração de skatistas ourinhenses sonham com a participação em Jogos Olímpicos
Skatistas contam sobre o movimento do esporte no município e meninas da nova geração afirmam que Rayssa Leal é o exemplo de que é possível ser a profissional que desejam
Juliana Neves
O skate é uma das novas modalidades da Olimpíada 2020, realizada em Tóquio, e já fez história com os brasileiros. O país conquistou duas medalhas de prata pelo atleta Kelvin Hoelfer, 27 anos, e pela Rayssa Leal de apenas 13 anos, que agora é a medalhista mais jovem dos Jogos Olímpicos em 85 anos.
E, apesar de ser uma nova modalidade explorada pelo maior evento de esportes do mundo, em Ourinhos o movimento dos skatistas é antigo. No município sempre teve reuniões e treinos de skatistas na famosa “Praça dos Skatistas”.
Um destes integrantes é Eder Henrique Nichio, o skatista possui 22 anos de skate e sua história com o esporte começou em 1998. Nessa época, ganhou um brinquedo de seu pai, um ferrorama, e seu colega de rua havia ganho um skate, objeto que fez os dois se aproximarem e iniciar uma amizade. Além de Eder já conhecer outros garotos que praticavam o esporte e cada vez mais foi se encantando pelo skate. O aprendizado sobre o skate foi pelas informações buscadas em vídeo cassetes e em revistas que demoravam para chegar nas bancas. Para ele, skate é sinônimo de união, é um esporte individual que proporciona uma família.
“O movimento do skate aqui em Ourinhos sempre foi muito envolvente, desde a época dos primeiros skatistas, como a lenda viva do skate freestyle Eddie Gralha, Toshiozinho, Leandrinho, Pepao, Lekinho, Matheus Mtk, Guaximi, Endrigo , Mariao e outros. Pode ter certeza de que todos nós contribuímos muito para o skate ourinhense, trazendo títulos e levando o nome de Ourinhos para os pódios. O skate evoluiu muito, desde essa época que começamos até os dias atuais e a nova geração vem forte, assim como as manobras evoluíram o nível aqui da cidade também acompanhou esse desenvolvimento. Atualmente, temos nomes como Gabriel Leandro (leleta) e Igor Leite (dollinho) que são a nova safra do skate ourinhense, estão andando muito e em nível olímpico”, conta Eder.
Segundo Nichio, as pessoas que praticam o skate são alvo de preconceitos, recebem julgamentos pela aparência e pelo estilo. Entretanto, a partir deste ano, o skate recebe um reconhecimento grandioso por causa da Olimpíada, mas a essência da rua nunca irá se acabar.
“Acredito que a Rayssa com tão pouca idade já transmite algo muito poderoso para essa nova geração que vai começar a andar de skate a partir de agora, sempre vimos nossos ídolos como forma de inspiração e a tendência é aumentar. Aqui na cidade de Ourinhos, contamos com a presença das meninas na pista de skate, ainda são poucas, mas elas estão conquistando espaço e evoluindo no skate. Torcemos para que mais meninos e meninas venham para o skate”, exclama o skatista.
Ourinhos tem potencial no skate e a nova geração está chegando com muita garra e determinação. E o que poderia melhorar na estrutura ourinhense, como Eder salientou, é mais apoio da Prefeitura Municipal aos skatistas e melhores iluminações na pista.
Outro skatista que faz parte desta história no município, é Itérferson Carlos Alvim Galvani que considera o esporte como uma diversão. Quando começou no esporte, não treinava regularmente porque precisava trabalhar para ajudar em casa e largou o skate após romper três ligamentos do tornozelo esquerdo.
“Na minha época, o skate era uma afronta, coisa de marginal, drogado e agora a sociedade aceita melhor este esporte, mas ainda os skatistas enfrentam diversos preconceitos. Hoje, muitas pessoas vivem do skate e assistir mulheres competirem na Olimpíada me emocionou, eu chorei em cada participação”, relata Itéferson.
E a nova geração ourinhense de skatistas são adolescentes da faixa etária de Rayssa Leal, a medalhista brasileira. Como Sofia Leal Tostes, 12, que comprou o seu primeiro skate em dezembro de 2020, porque assistia à vídeos na internet e compreendeu que skate é a sua paixão.
“Eu acho muito bom o skate ter a visibilidade que está recebendo, é um esporte muito bom e todos nós, skatistas, somos uma família. Já estava na hora do esporte ser reconhecido mundialmente. O meu objetivo é andar de skate como a Rayssa e levar mais conhecimento sobre o skate feminino por onde eu passar”, explica Sofia.
Para a jovem, o futuro é de mais valorização para o mundo feminino no esporte, porque a Olimpíada ajudou a despertar o interesse em mais adolescentes e jovens mulheres. O seu sonho é de que muitas meninas percam o medo e a vergonha de praticar o skate, e que todas juntas revolucionem esta modalidade esportiva.
Por fim, Melissa Camargo Gonçalves, 12, é amiga de Sofia na vida e no skate. A adolescente conta que “o interesse pelo esporte veio no começo do ano e já sou apaixonada pelo skate. Meu desejo é participar de campeonatos e virar uma atleta profissional. E a conquista da Rayssa significa muito para mim e tantas outras meninas, é nela que me inspiro e vou batalhar para ser a profissional que mereço na modalidade de skate”, finaliza.