Belkis e o crepúsculo de uma prefeita honrada
Por Luiz Alberto Vieira
Amanhã (31/12) será o último dia do mandato da primeira prefeita da história de Ourinhos. Uma mulher chefiando pela primeira vez o executivo municipal é um avanço importante numa sociedade ainda marcada pela misoginia.
Muitos dizem na rua que Belkis foi a pior a prefeita da história de Ourinhos. Exagero que só pode ser cometido pelo machismo de não aceitar uma mulher como prefeita ou por desconhecer a história da cidade. Em seu primeiro mandato, numa crise muito mais branda que a atual, Toshio sequer conseguiu pagar os salários em dia, enquanto Claury teve dificuldades com serviços básicos como a coleta de lixo e uma estação de tratamento de esgotos que até hoje não saiu do papel.
A gestão de Belkis não foi brilhante. Mas não se entregou aos esquemas de um Legislativo envolvido até o pescoço em mutretas, embora não tenha sido capaz de mudar aquela triste realidade e de ter mantido como secretário o ex-vereador Messias, a despeito do grave processo que respondia. O mais importante é que o tensionamento contra os malfeitos foi mais corajoso que do que os ex-prefeitos homens que a antecederam, a ponto de perder a maioria na Câmara.
Na primeira parte do seu mandato, não conseguiu entender a tecnocracia que fazia jorrar dinheiro do governo federal e nem conseguiu se inserir politicamente num sistema mais amplo. Na segunda metade, enfrentou com dignidade a mais grave recessão econômica desde 1908. Apenas um brilhantismo extraordinário e muita criativa poderiam render melhores resultados num ambiente tão difícil.
O tempo é senhor da razão e a história dará a Belkis um lugar melhor do que onde está hoje.