Documentário ourinhense é selecionado para congresso de Geografia na Argentina
O produto audiovisual conta a história dos oleiros de Ourinhos
Juliana Neves
O documentário ourinhense “Oleiros e olarias de seis a oito furos” vai participar do evento XVIII Encuentro de Geografias de América Latina 2021, na Argentina. O produto audiovisual aborda a imaterialidade da memória e materialidade das chaminés, mostrando o bairro Vila Odilon cheio de sonhos em um meio técnico, científico e informacional.
A estrutura das Olarias já teve o seu apogeu e, atualmente, nos restou grandes salões avermelhados. E as poucas que ainda existem mantêm o processo arcaico de produção e é nesse sentido que surge a emblemática do documentário ao retratar os oleiros, as Olarias, os trabalhadores e o local.
“Iniciamos realizando uma incursão nos lugares para conhecer os personagens desta história. Com uma longa jornada na Olaria, nos identificamos com os relatos de longo período de experiência do senhor Adaril, narrador da história. A partir daí, foi criada uma equipe para apoio na pesquisa, com ênfase sobre as questões geográficas, uma vez que a Geografia já se encontrava no seio das discussões pelos proponentes. Objetivamos ao longo do documentário capturar as narrativas, contemporizando com a formação socioespacial de Ourinhos”, explica Weber Carvalho, diretor e cinematografia.
Desta forma, foi intercalado o estudo com as transformações paisagísticas que incidem na Vila da Fumaça, algo característico do local com chaminés e os meios de produção. É basicamente o velho e o novo coexistindo em único lugar.
Weber também ressalta que “procuramos os professores da UNESP que potencialmente poderiam colaborar, aprofundando questões levantadas nesse processo. Em seguida, partimos para o registro e nos deparamos com a necessidade de outros atores e de forma muito natural, alguns personagens entraram em cena sem inicialmente termos planejado, muito material ficou fora. O intuito é contar uma história, valorizar as vivências, as lembranças, as preocupações que fatalmente rondam a atual conjuntura, sem que percamos de vista a situação dramática de perda contínua de direitos”, sintetizou.
Em relação ao feedback da população sobre o documentário, é avaliada como positiva ao observar os dados de visualização do produto audiovisual no Youtube, onde está inserido, com 1.500 visualizações. Situação que superou as expectativas.
XVIII Encuentro de Geografias de América Latina 2021
O evento é organizado pelo Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia e Humanidades da Universidade Nacional de Córdoba e a Rede de Geografia da Universidades Públicas da República Argentina pelo Departamento de Geografia. E em razão da pandemia, o congresso será on-line no dia 30 de novembro e 1, 2, 3 e 4 de dezembro, com o objetivo de fomentar debates enriquecedores sobre a geografia na América Latina.
Este congresso é o mais tradicional da área de geografia na América Latina e é realizado no formato de biênios. É um espaço acadêmico com apresentações em 89 mesas temáticas divididas em oficinas, minicursos, apresentações culturais, mesas redondas e palestras.
“Utilizamos na produção do documentário uma metodologia que cruzou a memória que se relacionassem com conceitos e categorias de análise da Geografia, como lugar, paisagem e trabalho. A presença do lugar no imaginário dos entrevistados, acabou por revelar a mudança da técnica, a análise da sucessão e superposição das divisões do trabalho permitiu compreender as transformações territoriais e urbanas da cidade de Ourinhos”, conta Weber.
A participação do documentário ourinhense no congresso é suma importância por enriquecer o imaginário do público, valoriza a emblemática e permite uma reflexão crítica. Com isso, a população pega para si os rumos, reinvindicações e apoio da comunidade para exigir ao Poder Público tomadas de decisões.
“É a partir das discussões que é despertado a potência de significação, o mérito da profissão de Oleiros e Oleiras. A valorização do trabalho e aprofundamento das questões que cercam a estrutura produtiva das Olarias, é um dos objetivos que podem ser alcançados. A contrapartida é abrir um debate sobre temas que circundam a questão. Para isso, é fundamental nos imbuirmos do que há de melhor nas bibliografias acerca da economia urbana, divisão territorial do trabalho, sem que percamos de vista a totalidade dos eventos que incidem sobre a história e insistem em reconfigurar o espaço geográfico. É necessário que a comunidade do bairro Vila Odilon, os trabalhadores, assumam o seu lugar no espaço, que provou ser de grande valia. Por sorte, tivemos a surpresa de sermos contemplados para exibição do documentário e sua discussão com os interessados, além de sermos selecionados para apresentar um trabalho acadêmico, em forma de um artigo, intitulado Vila Odilon à Vila da Fumaça em Ourinhos-SP: Trabalho e Lugar em análise no Documentário Oleiros e Olarias de Seis a Oito Furos (2021)”, finaliza o diretor.
Por fim, as expectativas são de continuar a busca por diversos canais que possam registrar o documentário, para promover a memória e encontro de personagens. São histórias não contempladas formalmente nos registros do município e que nos faz compreender a riqueza do lugar com o imaginário popular.
FICHA TÉCNICA:
Produção executiva: Lucas Silva
Assistência de Produção: Marcelo Piraju
Texto: Giuseppe Forioni Bragaia e Lucas Bitencourt
Imagens Aéreas: Gunar Engenharia e Topografia
Fotos e Registro: Mariana Moreno
Direção e Cinematografia: Weber Carvalho
Professores convidados: Marcelo Dornelis Carvalhal e Maria Cristina Perusi
SERVIÇO:
Link no Youtube do documentário: https://www.youtube.com/watch?v=s778hSKs3b4