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“Ela era amiga, parceira, professora, a mãezona do CEL”: colegas de trabalho falam sobre a Ednéa Boso

“Ela era amiga, parceira, professora, a mãezona do CEL”: colegas de trabalho falam sobre a Ednéa Boso

Ednéa faleceu em razão das complicações ocasionados pelo Covid-19 e deixa uma filha de 25 anos, e um legado valioso na construção do conhecimento da língua inglesa

 

Juliana Neves

 

Ednéa Aparecida da Silva Boso, 49, foi casada por 20 anos com Sidnei Brasilino Boso, 56, e juntos tiveram uma filha, a Steffani Gabriela da Silva Boso Amaral, 25. Ednéa era professora de inglês, formada em Letras, e atuou em escola particular e pública de Ourinhos, além de dar aulas particulares do idioma. Bem como foi candidata a vereadora do município em 2016 com o intuito de defender melhorias na educação.

Ednéa e sua filha Steffani (Foto: arquivo pessoal Steffani Boso)

A escola pública era a estadual Virgínia Ramalho onde ela foi a fundadora que trouxe o projeto de Centro de Estudos de Línguas (CEL) para o município, tendo a escola pública como a sua sede. “Sempre foi apaixonada por idiomas e projetos, era um sonho dela trazer o Centro de Línguas para Ourinhos, que já existia em outras regiões do Estado de São Paulo. Ela elaborou a documentação e colheu assinaturas para a implantação do projeto em nossa cidade na escola Virgínia Ramalho. Foi aprovado em 2008, e na época contávamos com aulas de espanhol, inglês, francês e japonês. Atualmente, temos apenas espanhol e inglês e a sede do CEL é a escola estadual Domingos Carmelingo Caló”, conta a professora do projeto Andréia Soardi.

Sendo assim, Ednéa foi coordenadora do CEL desde a sua fundação até 2016, aproximadamente, depois voltou para as salas de aulas, já foi Coordenadora da Língua Inglesa da Diretoria de Ensino e estava como Professora Coordenadora do Núcleo Pedagógico de inglês também como membro da diretoria.

E sua paixão pelo idioma era tão grande que chegou a ter a sua própria escola chamada de Cies Idiomas localizada na Rua Euclides da Cunha, em 2011, mas chegou um momento que o financeiro não permitia mais manter a escola e o estabelecimento foi fechado em 2016. Entretanto, no mesmo prédio em 2017, Ednéa abriu um restaurante em sociedade chamado Cantina Castelo de Ouro, porém logo deixou de ser sócia.

Ednéa em sua escola de idiomas (Foto: Facebook Ednéa Boso)

Portanto, Ednéa sobrevivia das aulas de inglês na escola pública, como membro da Diretoria de Ensino e das suas aulas particulares do idioma, além de ser estudante de Direito. Com isso, seus planos de vida foram estagnados no dia 18 de maio de 2021, pois foi mais uma vítima da doença Covid-19.

Danielle Ferrazoli Prado, também professora do projeto, diz que a Ednéa era “profissional extremamente competente, gostava do que fazia, acreditava no sonho dela que era de “as crianças tivessem uma visão maior de mundo, conhecer outras culturas”, incentivadora do aprendizado de línguas. Pessoa muito gentil, muito humana, muita empatia pelo outro e sensível. CEL é a Ednéa e a Ednéa é o CEL, projeto grandioso que ela nos deixou”.

Luciana Bléfari, professora do CEL, afirma que Ednéa será sempre lembrada com muito carinho, amor e como a eterna coordenadora do CEL, “a que acreditou no trabalho de professores iniciantes e no projeto, e proporcionou uma carreira a muitos deles dentro das escolas estaduais, municipais e particulares. Aos alunos que a conheceram, fica a imagem da profissional acolhedora e respeitável. E me lembro bem que no começo do CEL a maioria dos professores eram de fora, vinham muito cedo, e a Ednéa levava para os professores bolo, salgado, refrigerante e muitos mimos. No Dia dos Professores, ela deu um relógio (aqueles de caixinhas) para cada professor. Fazia as placas de homenagens para os professores nas colações de grau e fazia questão da presença destes nas festas de formaturas. Portanto, ela era amiga, parceira, professora, a mãezona do CEL. Ela acolhia e recebia os alunos com a seguinte expressão “queridos anjinhos do CEL”, ela era sinônimo de muito respeito e carinho”.

Por fim, Mirian Prado, professora do CEL de Santa Cruz do Rio Pardo – Escola Estadual Leônidas do Amaral Vieira, não se conforma com a partida de uma pessoa tão especial, cheia de vida e muita alegria não pôde continuar em terra para agraciar a todos com sua presença e brilho.

“Conheci Ednéa Boso no ano de 2015. Ela foi a responsável por me ajudar a ingressar como professora no estado. Me lembro do dia em que recebi sua ligação me oferecendo aulas no CEL. Não imaginava a quão valiosa e inesquecível seria minha experiência ao lado de Ednéa Boso, uma mulher guerreira, decidida e, ao mesmo tempo, doce, que nos apoiava como professores que trabalhavam num projeto que, por muitos, era considerado pouco importante e demandava muito trabalho. Com ela, eu me sentia apoiada, me sentia representada profissionalmente e extremamente segura em relação ao trabalho que ela desenvolvia conosco, professores do CEL. Ao olhar para ela, sentia a segurança, o entusiasmo e a doçura necessários para desempenhar meu trabalho da melhor forma possível e ter a certeza de que, além de termos ao nosso lado uma grande profissional, tínhamos também uma amiga disposta a nos ouvir e nos ajudar. O CEL nunca mais foi o mesmo desde o momento em que ela saiu, todos os sábados, sua presença alegrava meu coração e, com toda segurança, o coração dos estudantes e dos demais profissionais que trabalhavam com ela. Não tenho dúvidas que Ednéa Boso foi e sempre será, um exemplo de pessoa, mulher e profissional que levaremos para sempre em nossos corações. Ela não está mais entre nós, mas tudo o que construiu e me ensinou, permanecerá em mim até o fim de minha vida”, finaliza Mirian.

 

Imagem capa: Facebook Ednéa Boso

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