O amor entre o português e a ourinhense
Conheça a história de amor do casal Pedro e Erica
Juliana Neves
Luiza Erica Neto Carvalho, 47, é ourinhense, mãe de quatro filhas e uma delas possui síndrome de down, é avó, cabeleireira, universitária, educadora e ativista. Em seu lado, conta com a parceria de Pedro Saldida, 46, português da cidade de Amadora, pai de um filho que mora no outro país, trabalha como inspetor de aluno, é universitário e reside em Ourinhos desde 2013.
A história de amor deste casal começou em agosto de 2013, segundo Pedro. Na época, Saldida enviou solicitação de amizade na mídia social Facebook para Erica que recusou por quatro vezes, pois achava que era um árabe. Mas um dia resolveu aceitar a amizade virtual e a conversa foi iniciada, momentos em que Pedro percebeu sua insatisfação com a vida.
“Tinha algumas escolhas, Estados Unidos, Escócia, Angola e acabei por escolher o Brasil por causa da Erica e de sermos países irmãos. A Erica falou para vir e se desse certo, tudo bem, se desse errado voltava para Portugal. Pelo menos tinha o apoio dela para tudo e isso foi de extrema importância para eu fazer as malas e vir. No dia 3 de dezembro desembarquei no Brasil pela manhã, demorei muito tempo no aeroporto, porque, como sou honesto, fui à Polícia Federal declarar os bens que trazia. Claro que tiveram que passar as minhas malas pelo raio x e aqui estou após sete anos”, conta o português.
O início é considerado conturbado em razão da habitação de Pedro aos novos costumes, tradições, inclusive com a comida brasileira. Mas, hoje, a vida flui naturalmente e a prova disso é a conquista pelo seu cargo de servidor público municipal como inspetor de escola. A ajuda e apoio de Erica foi fundamental para esta adaptação de uma nova vida.
E a lição é uma só: “como casal aprendemos que podemos crescer juntos, sem necessidade de mudar um ao outro. Não são as diferenças culturais, linguísticas que atrapalham um relacionamento. Fomos remando contra a maré. A maior dificuldade foi lidar com as diferenças culturais, alimentares e linguísticas”, afirma Pedro.
Visão da Erica
O início, para ela, foi marcado de muita desconfiança dos familiares, amigos (poucos sabiam) e a saudade de Pedro pelo seu país. “Para mim, foi entrar em um mundo diferente, uma junção do meu e o dele. Não tivemos dias fáceis. Hoje, vemos as coisas com mais discernimento, mais maturidade, o Pedro aprendeu a esperar a hora certa e eu aprendi a não querer tudo ontem”, fala Erica.
A maior lição, de acordo com Erica, é que enquanto casal ninguém caminha sozinho e é preciso ceder em algumas vezes para o bem da relação. Até porque cada um possui suas individualidades e seus costumes diferenciados.
“As dificuldades foram em relação ao trabalho. Pedro teve uma decepção em relação a isso. Muitas portas fechadas, negócios que não deram certo. Mas podemos dizer que em relação a isso que foi aprendizado, afinal o que não mata nos fortalece, podemos dizer que não encontramos o pote de ouro no fim do arco íris, mas somos felizes com o lar que construímos para nós. E esperamos que ambos concluam as faculdades, fazer parte de algo melhor, cuidarmos dos nossos e cuidarmos sempre um do outro”, finaliza Erica.