População ourinhense suspeita do “Espaço Gourmet” da Santa Casa de Ourinhos
A desconfiança é de qual seria a razão de um espaço tão grande para o restaurante e o destino do lucro do local
Juliana Neves
No ano passado, a Santa Casa de Ourinhos reformou uma cabine de energia elétrica, pois a antiga existia há 51 anos e precisava ser atualizada para ficasse sem possibilidades de acidentes. Com isso, em consequência, um espaço maior foi liberado e no local foi construído um novo refeitório.
O refeitório, atualmente, está em funcionamento e é um restaurante chamado de “Espaço Gourmet”. Entretanto, vem chamando a atenção da população ourinhense por ser um local de grande espaço e a suspeita em saber se o lucro do restaurante é em benefício do hospital.
Pessoas que foram usuárias do local por razões pessoais, que terão sua identidade preservada, comentaram com a equipe de jornalismo do Contratempo que o restaurante não fornece cardápio, não há precificação dos produtos de forma visível e que o espaço do restaurante, antigamente, era ocupado pelas antigas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) adulto e infantil.
“A movimentação é grande, entra e sai toda hora. Os profissionais do hospital não se misturam com a população, possui um local reservado para eles se alimentarem no restaurante. […] A comida que vai para os pacientes e acompanhantes é a mesma que é vendida, saem da mesma cozinha. Inclusive, mesmo com essa nova estrutura para fornecer alimentos, enfermeiros que trabalham no hospital durante o dia, na jornada de 12 horas, não possuem o direito de alimentação, somente os do período noturno. Mas no restaurante, sem dúvida, o foco não foi este, e sim o dinheiro. Poderiam ter feito na praça, porém lá existe uma escola particular de enfermagem, também visando lucros. Podiam ter feito em qualquer lugar próximo e, assim, poderíamos gozar de possuir mais leitos. Caminha para a privatização e não atender mais o Sistema Único de Saúde (SUS)”, fala a (o) ourinhense.
Opinião de outra pessoa do município é semelhante ao dizer que “achei o restaurante um exagero para o nosso hospital que é tão pequeno. Creio que não é para pobre, pobre se alimenta de salgado na esquina. Acho que estão transformando a Santa Casa em hospital particular”.
Diante destas constatações, procuramos a autoridade máxima do hospital, o presidente Celso Zanuto. “Estou há 14 anos à frente da direção da Santa Casa, quando cheguei não existia um local para fazer as refeições, somente a cozinha que produzia as refeições para os doentes das alas. Organizamos e otimizamos um espaço que construímos um novo refeitório em uma área no centro do hospital. Atualmente, possuímos 850 colaboradores que se revezam em turnos durante 365 dias por ano em 24 horas, nada mais justo do que um local decente e com toda segurança para produzir as refeições, passam de 32.000 mil refeições por mês. Produzimos alimentações para pacientes, acompanhantes, visitantes e funcionários para as três unidades do hospital: Hospital Geral, a Unidade de Oncologia, Ambulatório de Especialidades e também para o Hospital do COVID. Além de tudo que é produzido na Santa Casa é para manter o prejuízo que o SUS nos proporciona para nossa entidade. Sendo assim, me admira muito a população querer questionar alguma coisa referente a essa estrutura que já existia e agora está muito mais eficiente”, finaliza Celso.