Reunião na ACE discute novas políticas em relação as pessoas em situação de rua
A reunião ocorreu terça-feira (17) na sede da ACE (Associação Comercial e Empresarial) e expôs o descontentamento do setor comercial com os moradores de rua. A principal crítica é que, mesmo tendo o direito de ir e vir, alguns andarilhos abordam de forma ofensiva a população, além de utilizar praças públicas como moradia e banheiro.
Para tentar solucionar a questão, por determinação do Prefeito Lucas Pocay, a Secretaria de Assistência Social apresentou cinco propostas, sendo que quatro já estão sendo aplicadas e uma depende de acordo entre a Polícia Militar e o Município. Os participantes do encontro foram unânimes em concordar que oferecer esmolas estimula a permanência dos moradores de rua. Portanto, uma campanha será lançada para desestimular o ato de dar dinheiro ou comida e também para acionar a Assistência Social para o encaminhamento dos andarilhos.
Em uma das propostas ficou definido que a ACE vai divulgar a campanha contra esmolas e com o contato do Centro Pop, responsável pelo acolhimento dos andarilhos. Outra diz respeito à melhoria dos serviços prestados pela Secretaria de Assistência Social referentes ao atendimento, contato e emissão de passagens. A Polícia Militar se comprometeu a intensificar as rondas na Rodoviária, imediações do Centro Pop e demais locais de aglomeração de andarilhos. E a AMO-SIM, entidade responsável pela Zona Azul de Ourinhos, será acionada para apoiar a campanha contra esmolas, divulgando a ação nos talões de estacionamento.
O que ainda precisa ser definido é o retorno do projeto Atividade Delegada, um convênio entre a corporação da Polícia Militar e Prefeitura, que atendia ocorrências relacionadas a moradores de rua em pontos críticos de Ourinhos. A proposta foi enviada ao prefeito Lucas Pocay que já sinalizou positivamente com a possibilidade do serviço voltar a ser realizado na rodoviária, cemitério e Recanto dos Pássaros 3.
Participaram do encontro Renata de Campos (Centro Pop); Fernanda de Campos e Kamila Jamil (Núcleo de Atendimento à Infância, Adolescente e Adulto); Alexandre Mariani, José Carlos Pereira, Diogenes Leite e Antonio Moreira (ACE); os comerciantes Priscila Castanha, Rosinei Ikuma, Freanes Leite, Robson Martuchi e Arnaldo Vieira; o Secretário da Assistência Social Felipe Ramos e seu adjunto José Roberto Tasca; o Policial Militar Denilson Corrêa; e os vereadores Eder Mota e Anísio Felicetti.
O vereador Eder Mota informou na reunião que outro local de concentração de andarilhos é a Praça de academia da saúde da Vila São Luiz. Ele se propôs a fazer um levantamento dos problemas existentes no local para ajudar na campanha contra as esmolas e encaminhamento social dos moradores de rua.
Levantamento da Secretaria Municipal de Assistência Social revela que 41 pessoas que viviam como moradores de rua recuperaram o vínculo familiar ou largaram os vícios em drogas e álcool e hoje levam uma vida nova. O Secretário da Assistência Social, Felipe Pereira Ramos diz que o trabalho do município é fundamental para mudar a situação dessas pessoas, mas é preciso apoio da sociedade. Um dos fatores, por exemplo, que incentivam a permanência nas ruas é o ato de dar esmolas.
“Nós precisamos ter consciência de que dar esmola não resolve o problema. Muitas pessoas só se mantêm nas ruas porque conseguem dinheiro pedindo esmola. E esse não é o caminho. Nós temos percebido que por mais que se faça campanha, ainda sim, as pessoas não desistem de pedir. Então quem tem que se conscientizar é a população”, diz Felipe, ressaltando que a forma correta de lidar com moradores de rua é encaminhar ao Centro Pop. “É só entrar em contato com o Centro Pop e solicitar a abordagem dessa pessoa em situação de rua”.
O telefone do Centro Pop é o 3326-5348. Após o cidadão informar o local onde o morador de rua está, uma equipe é deslocada para o primeiro atendimento.
Foi em uma dessas abordagens que Nelson Desidero Neto, 34 anos, deixou a vida nas ruas, conseguiu emprego e hoje vive com a família. Levado ao Centro Pop, abandonou o álcool, iniciou um curso profissionalizante e agora auxilia outras pessoas em situação de rua a dar a volta por cima.
“Eu morei nas ruas por mais de dois anos. Morava com meu padrinho e como não conseguia trabalho resolvi ir para a rua. Após tratamento abandonei o álcool, consegui emprego de pintor e retomei o convívio com a família. Hoje moro com meu padrinho de novo. O acolhimento do Centro Pop foi fundamental, mas é preciso ter força de vontade para mudar de vida”, conta Nelson.
Para que os casos de recuperação, como o de Nelson, sejam recorrentes, a Secretaria da Assistência Social desenvolve um projeto solicitado pelo prefeito Lucas Pocay de mapear pessoas em situação de rua através de um Serviço de Vigilância e Monitoramento.
“Isso vai dar um relatório completo. É uma central de compilamento de dados onde todas as pessoas que foram abordadas, que receberam atendimento ou até acolhimento terão seus dados registrados e acompanhados”, explica o secretário.
O Centro Pop funciona na Vila São Luiz e atualmente atende cerca de 32 moradores de rua por dia, oferecendo alimentação, serviços de higiene e de regularização de documentos.