Vereadores expõem suas opiniões em relação à situação do professor Fabio Pinha Alonso

Entre os vereadores, que responderam a entrevista ao jornal, percebe-se que o fato divide as opiniões

 

Juliana Neves

 

No final da semana passada e durante esta semana, um dos assuntos mais comentados na cidade é sobre o trecho do vídeo da aula de Direito Penal do professor Fabio Pinha Alonso do Centro Universitário de Ourinhos (Unifio). Vídeo que viralizou e causou comoção nos ourinhenses, além da criação do Coletivo Carolina Maria de Jesus no meio acadêmico, o posicionamento de afastamento do professor pela Unifio e o ofício da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo que solicitou o afastamento definitivo do profissional.

Com isso, no dia 16 de abril, sexta-feira, data de divulgação do vídeo e das primeiras notícias, o mandato de vereador coletivo Enfrente! (PT) publicou uma nota de repúdio com o título “A culpa não é da vítima”. “Repudiamos as falas do Coordenador e Professor do curso de Direito do Centro Universitário de Ourinhos – UniFio, e pedimos um posicionamento da Universidade. Em uma aula virtual do curso de Direito na disciplina de Direito Penal, o professor Fabio Alonso abordou a violência sexual e doméstica contra as mulheres a partir da culpabilização da mulher. Com um discurso sobre roupas e comportamentos, ele usou a estratégia discursiva de culpar a vítima. […] É necessário desconstruir estereótipos que reforçam mitos, levando à culpabilização da mulher e à desresponsabilização do assediador. É urgente coibir esse tipo de discurso em salas de aula, pois reproduz pensamentos que conduzem a decisões injustas e que contribuem para a manutenção de uma cultura da impunidade no país”, conforme foi divulgado nas mídias sociais do coletivo.

Post da nota de repúdio do coletivo Enfrente! (Foto: mídia social Enfrente!)

E em uma conversa com Camilla Zaina Drumond, co-vereadora do coletivo, afirma que “não retiramos nosso repúdio e mantemos nosso posicionamento independente do que ele venha a declarar.  O mandato coletivo ENFRENTE! faz parte da Frente parlamentar em Defesa da Mulher e estamos articulando uma reunião para debater esse assunto que vai muito além dessa fala e nos permeia desde sempre. Fizemos também uma moção de repúdio que será apresentada na próxima sessão”.

O vereador Cícero de Aquino-Cícero, O investigador (Republicanos) diz que é contra tudo o que está acontecendo o professor, pois não houve machismos em suas falas. “De acordo com a minha experiencia de investigador a realidade é completamente diferente do que a sociedade prega, a verdade é que o cotidiano é contaminado e na hora do julgamento e avaliação de crimes o comportamento da vítima também entra em questão juntamente com o desvio de conduta do criminoso”, relata o vereador.

Para Raquel Spada (PSD) o fato é lamentável, porque as mulheres são violadas todos os dias, não existindo respeito para as mulheres como se todas não fossem donas de si mesmas, muito menos do espaço que cada uma ocupa.

Opinião semelhante de Nilce Araujo Garcia – Nilce, protetora dos animais (PSD) que fala “isto é um absurdo, tenho repúdio, é machismo puro. Falo como vereadora e mulher que na adolescência sempre usou minissaia e nunca fui estuprada, afinal a roupa que usamos não dá direito para ninguém de nos estuprar e nos faltar com respeito. O professor foi totalmente infeliz na fala dele, ele estava dando aula de machismo. Ele deve desculpas para todas as mulheres, principalmente as mulheres que um dia foram estupradas”.

Na visão de Luiz Donizetti Bengozi – Borjão (PSD) é um tema complicado, porque foi divulgado um trecho da aula do professor destinada somente aos alunos, e o profissional citou exemplos a cerca de artigo do Código Penal. “A faculdade decidiu, segundo informações divulgadas pela imprensa, pelo afastamento do professor envolvido. Do outro lado, segundo também divulgado pelo professor, irá ingressar com demanda judicial. O assunto será decidido pela justiça se houve ou não falha do professor”, opina o vereador.

Em entrevista, Guilherme Andrew Gonçalves da Silva (PODE) acentua que repudia qualquer fala machista, seja a do professor ou de outro cidadão. “Eu tive muitas apoiadoras mulheres, sempre estarei ao lado delas e contra qualquer posicionamento machista”, assume Guilherme.

E Alexandre Florencio Dias – Alexandre enfermeiro (PSD) disse que “prefiro não me manifestar”.

Já Anísio Aparecido Felicetti (PP), Carlos Alberto Costa Prado – Carlinhos do Sindicato (MDB), Éder Júlio Mota (MDB), Fernando Rosini – Furna Beco da Bola (DEM), Giovanni Gomes de Carvalho – Gil Carvalho (PL), Santiago de Lucas Angelo (DEM), Valter do Nascimento – Latinha (PP) e Alexandre Araújo Dauage – Alxandre Zóio (Republicanos) não nos responderam.

 

Imagem de capa: print do vídeo no Youtube da última sessão da Câmara Municipal

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