Artigo: “Parábola do Tigre e do Burro” Por Pedro Saldida
Certo dia o burro disse para o tigre que a grama é azul; o tigre respondeu que não, que a grama é verde; a conversa começou subindo de tom e os dois decidiram pedir ajuda ao leão, ao Rei da selva, para que o mesmo decidisse; o burro chegou gritando para o leão questionando se não é verdade que a grama é azul, o leão prontamente anuiu; então o burro pediu ao Rei da Selva que castigasse o tigre, tudo porque o mesmo não estava de acordo com ele; o Rei castigou o tigre a 5 anos de silêncio. O burro saiu correndo feliz com sua vitória; o tigre aceitou seu castigo mas antes de ir questionou o Rei porque o havia castigado se a grama é de fato verde; o Rei da Selva concordou que a grama é verde, seu castigo nada tinha que ver com a cor da grama, o castigo dado foi porque o Rei da Selva não tolera que um animal valente e inteligente perca tempo discutindo com um burro e mais grave o importunasse com um tema sem importância. Moral da história, a pior perda de tempo é discutir com um tonto, com um bobo, a quem a verdade não importa e que não está disposto a mudar de opinião, somente se preocupa em ter razão. Muita gente está cega muito por culpa do ego, por culpa da raiva, ou de ressentimento, e a única coisa que querem é ter razão, mesmo não a tendo, não percamos tempo com elas.
Lembrei desta parábola por culpa de três notícias esta semana relativas à nossa Gestão. Outro dia uma grande amiga me perguntou porque já não escrevia tanto sobre a Gestão, ao que respondi que não adiantava mais, que faltam 8 meses para terminar e os danos causados serão imensos e que aguardo serenamente uma nova Gestão. Já é por demais evidente que Caio Lima não vencerá a próxima eleição, logo a continuidade não existirá nem em um Universo Paralelo; exemplo disso é assistir a muitos servidores lutarem ao lado da oposição para que haja de fato mudança, sem exigir nada em troca, mas tão somente mostrar o desagrado e a força que temos, a força de quem realmente carrega o piano todos os dias. A primeira notícia que quero comentar se reporta ao dia 18 de maio; um jornal da região, que já foi dura oposição e hoje caminha lado a lado com a Gestão, como se dela fizesse parte, vem comunicar que Ourinhos registra primeira morte por dengue no ano; gente como assim? Primeira? Seria cômico se não fosse trágico; já havia escrito que em virtude das subnotificações não iríamos ter vacina da dengue no nosso município, a prova está aí quando temos conhecidos, amigos e até pessoas estranhas que faleceram em virtude de tamanha epidemia. Não me alongo em muito mais porque Narnia não é aqui, aqui não é um Mundo fantástico, aqui é Ourinhos, o município do desgoverno.
Falando em desgoverno, a notícia seguinte se prende com a Educação; o que dizer de um País que avança no combate ao analfabetismo e Ourinhos cai 213 posições no ranking estadual de analfabetismo? Dados do Censo 2022 nos mostram que o nosso município ocupa a posição 286 no ranking de alfabetização, colocação pior que em 2010, quando ocupávamos a posição 73; quando se fala que a Educação é referência, quando não temos investimentos em infraestrutura escolar, não temos capacitação e formação de professores, nem tampouco temos incentivo à leitura; espero sinceramente que a próxima Gestão possa mudar este cenário negro que nos assombra.
A última notícia preocupante da nossa Cidade é o novo modelo de Gestão para a Educação; como é possível aumentar o número de vagas em creches e aumentar o número de funcionários com a denominada Cogestão? O que pretende fazer é tão somente privatizar a Educação; já havia falado que depois da Saúde viria a Educação, aí está o que falei há muito; dizem por aí que cada contratado da Cogestão irá receber R$22.000 mensais; e nós servidores recebendo parcelado reajuste e retroativo como se de esmola se tratasse. Se pretendia aumentar o número de vagas como tanto apregoa, era somente abrir novos concursos, era tão somente acabar com a quantidade de cargos e funções e as coisas fluiriam normalmente; não é agora aos 45 do segundo tempo vir com esta medida sem sentido e tão prejudicial à Gestão Pública da nossa Cidade, ao tomar tal medida veio confirmar o que falamos há muito, é uma Gestão que não sabe gerir e portanto terceiriza tudo para não assumir seus erros, mas essa ação causa rombo nos cofres públicos.
Falando da tragédia do Rio Grande do Sul, hoje podemos concluir claramente que parte do que aconteceu foi causado por ação humana. A catástrofe que assolou 446 municípios gaúchos tem muita culpa e ação do homem; construir em locais que não deveria ser permitido, áreas geralmente de alagamento, sem manutenções adequadas nos diques e barreiras. É lógico que a precipitação atingiu níveis recordes além da duração das chuvas; em setembro do ano passado deu para saber que as comportas e parte dos diques não estavam funcionando, logo tudo deveria ter sido consertado. Hoje temos 151 mortos, mais de 100 desaparecidos e mais de 600 mil desalojados ou desabrigados, o Rio Grande do Sul parou, logo mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas diretamente pela tragédia. Muita coisa falhou no Estado, não só na esfera Estadual, mas Federal também; o povo brasileiro é resultado da miscigenação de vários povos, desde indígenas, portugueses e africanos, mas se há coisa que o povo brasileiro tem é união; sem precedentes o Brasil testemunha a maior mobilização de doações na história da Defesa Civil nacional; duas mil toneladas encaminhadas para o Rio Grande do Sul é digno de registro e fé na raça humana, emocionante e bonito demais para conseguir explicar por palavras.
Além das doações podemos ver um sem número de voluntários ajudando pessoas e animais; sem estes voluntários acredito que a tristeza assolaria muito mais as pessoas, graças á mobilização das pessoas acredito que o povo gaúcho se reerguerá com maior facilidade, as pessoas não esquecerão, mas irão superar.
Deixo-vos com uma frase, como é meu apanágio, desta vez dos famosos Irmãos Grimm, dois irmãos, acadêmicos, linguistas, poetas e escritores, que se dedicaram ao registro de fábulas infantis:
“É preferível desempenhar inteligentemente o papel de tolo do que tolamente o papel de inteligente.”
Pedro Saldida