Colunistas | Tatto, do povo e para o povo — Pedro Saldida
Sábado dia 25 de Setembro a convite do meu bom amigo António do Amaral Júnior, mais conhecido como Toninho do PT, fui conhecer na Câmara Municipal de Ourinhos o Deputado Federal Nilto Tatto. Ainda bem que me falaram que é Deputado Federal porque acredito que se me cruzasse com ele em uma qualquer fila de supermercado, em um qualquer posto de combustível nunca falaria que tal personagem é Deputado Federal.
Pensem na pessoa mais humilde que possa existir, pensem na pessoa mais simples, afável, simpática, conversadora. Realmente é de pessoas assim que o nosso brasil precisa. Uma pessoa que se preocupa com o meio ambiente, com os indígenas, quilombolas. Um olhar sobre as minorias, um olhar sobre a Natureza.
Uma luta enorme que Tatto está combatendo é a dos agrotóxicos. Uma coisa que aprendi com o Deputado é que, igual a campanhas publicitárias de cigarro no passado, nunca escutámos em uma campanha publicitária afirmando que agrotóxico é veneno. Agrotóxicos são produtos químicos sintéticos utilizados para matar, exterminar insetos, larvas, fungos, carrapatos.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde agrotóxicos não devem ser usados nos alimentos uma vez que causam diversas doenças, como arritmias cardíacas, lesões renais, câncer, alergias respiratórias, doença de Parkinson, fibrose pulmonar e por aí fora. É inadmissível o prejuízo causado ao ser humano e que algumas pessoas estão ganhando muito dinheiro porque têm um governo genocida comandando os destinos do nosso país.
Entendo que seja uma luta dantesca contra grandes corporações que, com bastante mais dinheiro, bastante mais influência têm levado a melhor de há dois anos a esta parte. Mas também acredito que tudo se combate, o mal então mais facilmente. Acredito que Tatto conseguirá levar o barco a bom porto. Acredito que Tatto achará o Sol, o do caminho da salvação e não o criado para iluminar no famoso poema de Dante “Divina Comédia”, em que existiam dois Sóis.
Hoje não vou comentar muito acerca da política nacional ou sequer municipal, hoje venho abrir um pouco o coração e falar-vos das lutas que vivo diariamente por causa da minha língua, por causa da minha cultura.
Vivo uma luta interna, não o vou negar. Há 8 anos que vivo sob o lema em Roma sê Romano. Mas acredito que quem convive comigo também tem que fazer um esforço. O Deputado Federal conversou largos minutos comigo e entendeu tudo que falei com ele. Porque razão as pessoas que convivem comigo também não se esforçam um pouco?
Porque somente eu tenho que me rebaixar e ver que a pessoa não entendeu nada do que eu falei? Porque a pessoa não é capaz de pedir para repetir? Quando vejo alguém sorrindo por algo sério que falei, a primeira coisa que me vem na cabeça é que a pessoa não entendeu nada do que exprimi. Muitas vezes confirmo com palavras, outras vezes continuo e deixo para lá. Mas esse não é o problema maior. O maior problema é que as pessoas não conhecem a cultura portuguesa, acham que por sermos países irmãos somos iguais em tudo.
Somos amigáveis como os brasileiros, mas somos mais reservados que vocês. Somos um povo honesto, cumprimos as regras e costumes mas somos muito mais frontais sem meias palavras, sempre que surge a ocasião. Se determinada situação profissional não é da minha alçada, se eu somente tenho o dever de informar, não me perguntem porque razão é desse jeito, é desse jeito porque assim alguém decidiu e tem poder para isso, eu sou somente um correio entregando a carta. Em tudo o resto sou prestável e solidário, sou generoso, sou caloroso, mas não me peçam para ser falso, não me coloquem numa roda para fofocar, para falar mal de alguém. Não falo mal de ninguém, quando muito posso falar da pessoa profissionalmente. Agora falar mal por falar não o faço. Odeio complôs, odeio injustiças. Só quero paz.
A grande diferença entre os dois povos é que nós portugueses reclamamos da vida o tempo inteiro e vocês são um povo mais alegre, não se preocupando com o amanhã. Nós somos mais sérios e fechados. Brasileiro arruma sempre uma forma de se virar, sair das situações ruins, nós portugueses nos assustamos pela falta de planejamento. Nós perdemos muito tempo planejando e nos esquecemos que para alcançar temos que fazer algo.
Sempre falei que o povo protuguês é muito preconceituoso, hoje falo que o brasileiro é igual. Meus pais me deram uma educação para poder frequentar um hotel de 5 estrelas e um boteco. Sempre defendi que prefiro o boteco, onde há menos falsidade, onde há menos cinismo, onde podemos estar à vontade sem nos preocuparmos com o que falamos.
Mas esta semana só vos queria dar a conhecer o Deputado Federal Tatto e um pouco mais da minha cultura, não me querendo alongar muito.
Deixo-vos com uma frase de Vladimir Nabokov, romancista russo-americano:
“Nossa existência não é mais que um curto circuito de luz entre duas eternidades de escuridão.”