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ERA CHUMBO: O último dos moicanos do caso Chandler.

ERA CHUMBO: O último dos moicanos do caso Chandler.

 

João Teixeira (Colunista)

Pedro Lobo de Oliveira, caipira de Natividade da Serra, entre Paraibuna e Paraitinga, no Vale do Paraíba (SP), nascido em 27 de julho de 1931, partiu aos 92 anos levando uma importante parte da História do Brasil.
O guerrilheiro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), contemporâneo e companheiro do capitão Carlos Lamarca, de quem ganhou de presente um revólver Smithson, com o qual inúmeras ações revolucionárias, fez a grande viagem como personagem de uma página central da luta armada contra o regime civil-militar (1964/85).
Lobo foi o último dos moicanos do grupo de fogo que executou o oficial do Exército norte-americano Charles Rodney Chandler em São Paulo e anunciou ao mundo que havia resistência armada aos militares no Brasil.
Sim, o caso Chandler foi uma destas ações espetaculares, sem objetivo militar, de propaganda mesmo, da guerrilha urbana.
Marquito – Marco Antonio Brás de Carvalho, carioca, mais invocado que marxista, o comandante do grupo de fogo foi morto por policiais numa emboscada dos policiais logo em seguida; Diógenes José de Carvalho faleceu ano passado; igualmente Dulce Maia, que operou no levantamento da execução na Rua Petrópolis, no Sumaré.
Roceiro, trabalhador da construção civil e, por fim, sargento da Força Pública cassado pelo AI-1, Lobo, militante do PCB e da VPR, lutou por igualdade e direitos sociais
“O Partido era contra a luta armada, mas vendo a incapacidade de conquistar a democracia por vias pacíficas, tivemos que pegar em armas” (entrevista a revista do Vale do Paraiba).
Pedro Lobo, morador de São José dos Campos, era servente de pedreiro aos 18 anos.
“O Brasil era cheio de latifúndios improdutivos enquanto a maioria dos camponeses (lavradores) não tinha onde plantar e vivia na mais absoluta miséria”.
“Eu acreditava que, se dividindo a terra, seria possível aumentar a produção e ajudar o povo” (Pedro e os Lobos, livro do jornalista e historiador João Roberto Laque, Ava Editorial, 683 páginas).
Pedro Lobo atacou bancos, saqueou pedreiras, esteve no ataque ao Hospital Militar do Cambuci e no atentado a bomba contra o QG do II Exército que matou o soldado Kosel, no Ibirapuera, num erro trágico porque os guerrilheiros queriam atingir a ala dos oficiais.
“Eu me sentia um patriota, feliz por estar participando daquela guerra. Amava os companheiros, amava o povo, sentia o sofrimento do operariado, dos camponeses, e achava que algo devia ser feito contra a ditadura. Portanto, para mim, a morte em combate ia ser como um prêmio. Se acontecer de cair lutando, ia cair com orgulho, porque estava cumprindo meu dever sagrado de fazer a Revolução”.
Preso e torturado, como nunca imaginou que pudesse ser, foi libertado no sequestro do embaixador Von Holleben e esteve exilado na Argélia, Alemanha Oriental (Karl Marx Stadat), Chile, Argentina e Cuba.
Pedro Lobo recebeu a notícia da Morte de Lamarca, executado no sertão da Bahia, no dia 17 de setembro de 1971, ao lado da viúva Marina, em Havana
Anistiado, foi reintegrado á tropa, no dia seguinte á sua chegada.
A execução de Chandler, uma ação de propaganda espetacular comparável ao assassinato do almirante Carrero Blanco, pelo ETA, na Espanha, o sucessor indicado do ditador Franco, em 1973; ou a morte do premiê Aldo Moro, em 1978, na Itália, pelas Brigadas Vermelhas.
O assassinato do oficial norte-americano veterano da Guerra do Vietnã será detalhado na próxima coluna.PedroLobo2013PedroLobo2013PedroLobo2013

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