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Águaferve

Ouvi uma nota, vinda de algo como flauta, assobio. Havia um gosto de páprica, mas o que é páprica? A panela com água fervia e não me dei conta, pois a borbulha não fazia som. A flauta-assobio-gaita vinha de um cantinho infantil, porém belicoso, de um vão sem onde. Paro olhando ao nada, música que se eleva e chama um garotinho na casa que não faz mais som algum. Sol lá fora, clima agradável do começo dos dias frios, em que tudo é possível. Não há mais ninguém na casa, na verdade, ainda que flautassovigaita tunifica o ar. Como que molhou-perdeu esse chão? A casa se abre, o gato fugiu, tinha algoguém comorando ali, realmusik. Ouvidos tampados com a água do chão, sons distantes dizem tanto.  A descoberta do filme, se houvesse ocorrido em 2007, teria feito tanto pela minha cabeça. Agora funciona, não funciona, defunciona. Ar flautassovigaitado. Quase lembro onde está o biscoito reverso de Alice, para me tirar desse buracoelho. Águaferve.

 

 

Luiz Bosco Sardinha Machado Júnior

Psicólogo (CRP 06/96910) e professor universitário

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