O antídoto se retira do veneno
Por Daiane Almeida
Eu não tive medo de explodir meu coração.
Na verdade, tive muito medo de tudo, mas segui com o medo,
O chamei de amigo e de mãos dadas fomos para o abismo de suas promessas.
Lindas mentiras, lindas mentiras.
Tem dias que o mundo te testa tanto,
que você se sente num vídeo game cruel.
A norma, as palavras, a promessa,
tudo isso são eficazes quando ditas.
Depois elas perdem força diante de suas ações.
Um jogo surreal, entre prometo, digo que faço,
E quando estou agindo, não faço nada daquilo
que as palavras queriam dizer.
Escravos do normal.
Normal, é a norma que te retém na sua camisa de força da felicidade.
É derivado do que o seu sorriso constante?
Não procuro mais te esquecer,
procuro me lembrar muito bem a quantidade de veneno,
para poder gerar aquilo que me tornei depois de você,
Assim entorno, medo, amor, fúria, ira, sangue e lágrimas,
A poção da vida.
Recolho simplesmente toda a experiência,
Os pedaços de poesias que me fizeram ir em frente,
Digerindo, suas doces mentiras,
Fiz o antídoto dentro de seu egoísta e estúpido coração
E o mastiguei cru porque me sinto mesmo um animal.
Muito menos que ser humano, que palavra, que tudo o que nós nomeamos.
Mas sei o que criei no meu medo e em toda a podridão que eu gerei com minha mente por suas certezas de merda.
Germinei assim a possibilidade do vir a ser, porque sem razão, sem certezas, sem ser humano,
O solo tornou-se fértil, e de uma maneira ou de outra, só posso agradecer por tudo,
Por me mostrar aquilo que não quero ser e para onde não quero ir.
A partir de agora é devir,
é controlar o enjoo, a náusea,
o mal-estar, e tudo o que poetas e filósofos escreveram,
porque vem universos de vaga lumes e estrelas,
e coisas indescritíveis,
terminando assim, o poder da palavra.
Boa aventura!
*Daiane Almeida é professora de Filosofia e poeta