Ação pela inação: uma nova forma de governar
Em 2018, General Heleno cantando pega ladrão para o centrão e Flávio Bolsonaro, “quando o pau comer para valer vão deixar se seduzir por discursos do centrão, por isso não integramos o centrão.”. Maio de 2020, fala de Bolsonaro e em 22 de julho de 2021, Bolsonaro afirma que sempre foi do Centrão.
Podemos facilmente deduzir que a sobrevivência política leva a opções ridículas e difíceis de explicar. Bolsonaro vendo seu poder se esvair tenta a todo custo reviver e recuperar o apoio que perdeu em pouco mais de 2 anos. Hoje facilmente constata-se que quem o apoia ou é faccioso ou sem carácter, ou ainda sem valores quando afirmam que são conservadores.
Quando escuto as palavras do Padre Júlio Lancellotti que afirma que não adianta pregar Deus acima de tudo e colocar as pessoas abaixo do nada, relembro imediatamente porque critico tanto o conservadorismo, porque é banhado por uma camada falsa de Deus, Pátria e família. Não há qualquer preocupação com quem nos rodeia, não há qualquer preocupação com a sociedade, prevalece exclusivamente o populismo, em que falam o que os facciosos querem escutar, não importando como governam, mas antes o que falam para as massas vibrarem com palavras ocas.
A ONG Médicos sem Fronteiras e a revista Science vieram afirmar que a gestão de Bolsonaro tem causado mortes evitáveis e agravado a pandemia. Tudo porque não existe vontade política. Tudo porque não existe empatia. Tudo porque impera o obscurantismo e o negacionismo.
Fico sempre na dúvida se é inação ou uma cabala para destruir uma parte considerável da sociedade brasileira. Veja-se o valor da inflação e o que me ainda causa confusão é ver tanta gente apoiando este governo. Acredito que seja gente que não come, não usa gás de cozinha, não coloca combustível em seus veículos, não faz compras nos mercados, não consome luz, nem água, enfim não tem gastos alguns, porque para esses está tudo maravilhoso, à exceção que a esquerda não deixa o presidente trabalhar tem uma teoria mundial com a Globo à cabeça para destruir o “salvador”, o “messias”, o “grande”. Ou então como vejo muito brasileiro que votou no Bolsonaro e está na Europa comendo carne. Aqui até o ovo está caro, imaginem comprar carne.
Na nossa cidade recebi um vídeo da Prefeitura sobre a convocação das crianças a partir dos 12 anos para vacinação contra a Covid. Sinceramente achei tão ridículo o vídeo, achei que dinheiro público gasto dessa forma é demasiadamente assustador. É um gastar de dinheiro de forma despreocupada, mas é somente a minha opinião. Louvo o chamamento e a capacidade da Prefeitura em vacinar as crianças, aliás a vacinação até agora tem ultrapassado as expectativas, agora realizar um vídeo que mais parecia dos trapalhões, deixa um “je ne sai quoi” no ar.
Aprovar um projeto sobre as doulas a maioria não quis, aprovar um empréstimo milionário, argumentando o desenvolvimento da cidade, aí já aprovam sem olhar quem vai pagar, alguém pagará, normalmente o último que fechar a porta. Em 2012, o Prefeito, enquanto vereador, era contra os empréstimos tendo na altura discursado contra um empréstimo de R$200.000 para investir na iluminação pública.
Capitão Augusto ano passado entrou com um pedido junto do Ministério Público para barrar um empréstimo de até R$ 19 milhões. Será que desta vez também o fará, ou o voto do seu fiel escudeiro mostra que já não é contra? Realmente muita coisa muda no mundo da política. Muda em curto espaço de tempo.
Entendo que o Prefeito não está atuando em prol da população, antes em prol de seus próprios interesses e de seus domesticados seguidores. O exemplo claro de tamanha inação é escrever e comparar com a gestão anterior a questão das ambulâncias. Não se faz política comparando a ninguém, não se faz política rebaixando o próximo, mais a mais quando tantas vezes usa a palavra de Deus em vão, em minha opinião. Quando trabalhamos em prol da população devemos deixar a população avaliar e analisar a gestão praticada. Não pode nem deve falar da gestão passada quando está no seu segundo mandato, mesmo que não o finalize.
Deve olhar para a sua gestão e utilizar os fundos da melhor forma possível. É muito fácil ter 12 vereadores da base com apenas 3 da oposição. Até se pode dar ao luxo de parecer um pavão abrindo suas plumas ao sol sem se preocupar com qualquer fiscalização, com qualquer julgamento, se sentindo imortal perante tamanha margem de proteção.
Esta gestão me faz lembrar uma frase de um escritor famoso russo, Nikolai Gogol: “Quanto mais sublimes forem as verdades mais prudência exige o seu uso; senão, de um dia para o outro, transformam-se em lugares comuns e as pessoas nunca mais acreditam nelas.”.
Não há muito mais a falar exceto aguardar serenamente a mudança das coisas, a parte boa é que muita gente já está contra esta gestão, por culpa própria. Esta gestão quem criou esse dissabor, com o tempo as pessoas acordaram e viram que nem tudo que reluz é ouro.
Deixo-vos com uma frase, como de costume, de Florbela Espanca:
“Diz-me, porque não nasci igual aos outros,
sem dúvidas,
sem desejos de impossível?
E é isso que me traz sempre desvairada,
Incompatível com a vida que toda a gente vive.”
Pedro Saldida