Humanismo, uma corrente em extinção no Brasil
O Humanismo é uma corrente intelectual, que surgiu na Europa durante a transição da Idade Média para a Idade Moderna, entre os séculos XIV e XVI. Esta corrente tem o homem como o centro de tudo e valoriza o ser humano. A valorização do ser humano é inspirada nos modelos clássicos greco-romanos, em que se valorizava o corpo humano e as emoções do homem.
Estamos com 563.082 mortes no Brasil (na data a que escrevo esta vossa crônica). Em momento algum vislumbrei que o Presidente da República tivesse coração, fosse humano, transmitisse sentimentos, emoções, para além de todos os sentimentos que nutre pela sua família e amigos exclusivamente.
Tivemos 21 medalhas olímpicas e em momento algum assisti um pronunciamento de reconhecimento por parte do governo. Acredito que muitos irão falar que o governo já ajuda com o Bolsa Atleta e que não abandonou os atletas. Mas palavras não pagam imposto, podem facilmente ser pronunciadas e mais a mais quando são de reconhecimento e de agradecimento.
Mas estamos assistindo a um mundo com valores totalmente invertidos. A maior preocupação é o Distritão, é o voto impresso. A pobreza, o custo de vida, o desemprego, a vacinação, a corrupção no governo, as pedaladas fiscais não são sequer consideradas preocupantes por parte de quem nos governa e de quem nos representa na Casa Fiscalizadora. Gostei do discurso do Presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, ao comentar que, na sua perspectiva, as duas alterações passando na Câmara dos Deputados, não passarão no Senado.
O Distritão a meu ver é um enorme retrocesso na área política. Com o Distritão serão eleitos somente pessoas conhecidas e pessoas com dinheiro (acrescento, por exemplo, na esfera municipal que Roberta Stopa e Guilherme Gonçalves nunca seriam eleitos). Os partidos deixam de ter qualquer valor, deixam de interessar já que basta colocar para votação uma pessoa nacionalmente famosa.
Defendo há muito uma reforma política, mas não uma fingida, que quer manter a todo o custo seus interesses pessoais (com o Distritão dificilmente os que estão eleitos sairão de lá). Defendo o voto distrital, em que os candidatos mais votados dentro de cada partido (ou coligação) são eleitos. O estado inteiro é o distrito único para deputados e o município inteiro é o distrito para os vereadores. Mas convém salientar que os municípios deverão ter tamanhos semelhantes de população.
Mais grave é o voto impresso que o governo quer a todo o custo alterar, fruto da possível candidatura de Lula e sabendo Bolsonaro dos seus níveis de rejeição e possibilidade de perder logo no primeiro turno as eleições. Como escreveu Denis Diderot (filósofo e escritor francês): “engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga.”
A urna eletrônica é um microcomputador usado exclusivamente para as eleições e com recursos de segurança, um deles o modo offline. Não estando ligado à internet, nem ligados uns aos outros, não é possível hackear. A acrescentar a tudo isso temos um documento chamado zerésima, que antes de cada eleição, mostra que não existe voto registrado para nenhum candidato. Portanto se o argumento é a inconfiabilidade das urnas eletrônicas, não cola esse discurso. No voto impresso podemos argumentar que facilmente poderemos anexar cédulas após a votação. As eleições com voto impresso são mais fáceis de ser adulteradas do que com a urna eletrônica. E como Octavio Guedes (Maria Beltrão o chama de Guedinho, carinhosamente), jornalista, escritor e comentarista, que eu gosto muito de escutar, já defendeu que quem ganha com o voto impresso são as milícias, porque ficarão sempre sabendo em quem as pessoas votaram.
Uma das razões pelas quais defendo o voto distrital prende-se com os primeiros 7 meses de governação desta gestão em Ourinhos. O sistema atual, o proporcional, sistema utilizado nas eleições para Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas Estaduais e Câmara dos Deputados, nos coloca como primazia saber quais os partidos vencedores para depois, entre cada agremiação partidária que conseguiu um número mínimo de votos, observar os mais votados. Assim vemos o porquê de um candidato ter mais votos que outros e não ser eleito. Entendo que esta não seja a representatividade popular, entendo que facilmente um Prefeito governa a seu belo prazer sem ter que prestar contas a ninguém, já que como podemos verificar em Ourinhos, os 3 vereadores da oposição não conseguem fazer frente a tamanha governança autoritária.
Com o voto distrital retoma-se a ligação entre representante e representado. Isto porque o sistema consiste em dividir a limitação eleitoral de um município ou de um estado em um número de distritos que corresponderão ao número de vagas disputadas que irão ser preenchidas. Cada distrito terá seus candidatos, que disputam uma eleição para representá-los no Poder Legislativo. O sistema proporcional leva a maiores injustiças, leva a maiores faltas de respeito para com quem os elegeu, quem os colocou naquelas cadeiras. Com o sistema proporcional é muito fácil passar 4 anos sem justificar o injustificável.