João do pulo, pulo na democracia e professor do pulo
Em 15 de Outubro de 1975, João pulou 17,89 metros quebrando o recorde mundial. João Carlos de Oliveira, vulgo João do Pulo, ficou na história por outros motivos. Em 21 de Dezembro de 1981, paraninfo da turma de educação física da PUC-Campinas, servindo o exército João deixou o quartel para ir para Campinas, quando, subitamente, uma Variant amarela mudou de faixa e invadiu a pista contrária, colidindo de frente com o Passat de João, que levava seu irmão e um amigo. Os três, já que o motorista da Variant faleceu, foram jogados num camburão da polícia, sem os policiais saberem se prestavam assistência ou deixavam morrer. Claro que as coisas não correram bem para aquele negro de 27 anos na altura. João deu entrada com fraturas no crânio e na mandíbula e traumas no tórax. A perna direita estava esmagada, mas como João corria risco de morte, a perna ficou para segundo plano. Com a gravidade da lesão da perna, os médicos não tiveram outra opção senão amputar. João do Pulo morreu três vezes, a primeira lutando por 11 meses contra a morte neste fatídico acidente, a segunda, 17 anos depois, fruto de uma depressão enorme e a terceira em 1999.
Este exemplo que vos dou vem de encontro ao que o meu grande amigo Armando das Neves Inocentes, que se limitou a postar uma listagem dos atletas, os conhecidos pelo menos, que se suicidaram desde 1982. Simone Bales abriu uma porta que estava fechada a sete chaves. É hora de abrir essa porta porque não se brinca com saúde mental (sei bem o que é, tive-a durante 3 anos). Quem entra no desporto de uma forma ponderada e com apoio de família, treinador, amigos, pessoas que realmente façam a diferença em seu redor, os riscos de pressões fortes e de opiniões negativas são facilmente absorvidas e não chegam aos atletas. Muitos pais começam exigindo que seus filhos sejam um novo Cristiano Ronaldo, um novo Michael Phelps. É aí que a ansiedade toma conta, a luta por grandes resultados emerge e o atleta é envolto em um misto de disciplina e exigência, de pressão extremas que mais tarde levam à sua destruição.
Mas não é somente com a pressão que os atletas têm que lutar. Juntem-se os miseráveis montantes que recebem de apoio para representar seus países, salvo raras exceções, mas falo na generalidade. O auxílio Bolsa Atleta abrange 242 dos 302 atletas que estão em Tóquio representando seu país. A bolsa varia de R$307,00 a R$15.000,00 mensalmente. Quanta disparidade.
Falando em disparidade (desinteligência), finalmente a corrupção terminou no Brasil. Que benção o Presidente ter conseguido acabar com a corrupção. Jair “Adolf” Bolsonaro impôs sigilo de cem anos sobre acesso dos filhos ao Planalto, bem como impôs sigilo em seu boletim de vacinas, bem como com o cartão corporativo. Enfim, só quem tem tapas nos olhos não consegue enxergar o óbvio. Até ao locutor de rodeios Andraus Araújo de Lima, vulgo Cuiabano Lima, foi colocado em sigilo os valores pagos pela Caixa Econômica Federal. Até o processo administrativo contra Pazuello foi considerado sigiloso por cem anos.
A Lei de Acesso à Informação em vigor há nove anos, vem assim proteger o clã, os milicianos, que poderão fazer tudo e se proteger atrás de uma Lei que foi criada com outro propósito que não este.
Mas nada é democrático, nada é justo, nada é certo, nada é social nos dias de hoje. Mas não é somente na esfera Federal, passa-se o mesmo na esfera Estadual e na esfera Municipal.
Quando eu vejo apoiadores de Bolsonaro defendendo a escola sem partido entendo que há uma enorme hipocrisia pairando no ar. Veja-se o exemplo de um professor que se recusa a vacinar e a usar máscara dentro de uma escola municipal. O tal professor que abrimos seu Facebook e vemos publicações que considero de extrema direita. Destratar uma pessoa pela sua cor, pela sua classe social é o exemplo típico de apoiadores de Bolsonaro. Os tais ditos conservadores, mas quando olhamos sua vida privada vemos que é cheia de posturas em nada consentâneas com valores conservadores. É o famoso faz o que eu digo, não faças o que eu faço.
Mas a culpa não é desse sujeito, porque não o considero como professor, porque um professor é uma pessoa que ensina a viver, conviver, respeitar o próximo e servir de exemplo ao próximo, a culpa recai inteiramente no Presidente que temos, que, em 3 de Julho, vetou a obrigatoriedade de uso de máscara em escolas. Graças a Deus já não leciona na minha escola, porque na minha escola todos usam máscara e respeitamo-nos uns aos outros. Na minha escola tem empatia e amor ao próximo.
Não vou dar muito mais tempo de antena a esse sujeito, porque não merece, tinha que falar sobre uma atitude que considero deplorável e falei só que acabei por dar muito tempo de antena a um falso conservador.
Próximo domingo será o Dia dos Pais. Sinto a falta do meu. Sinto a falta do meu filho, sinto falta de tudo, mas não posso chorar, não posso reclamar, não me posso permitir sair derrotado. Foram escolhas minhas e somente minhas, correu mal, sim correu, mas vamos continuar a lutar, sobreviver e a viver. Temos que viver porque quando sobrevivemos não conseguimos sonhar. Como meu saudoso pai escreveu:
“Gente que a gente teve e não esqueceu
A quem não disse adeus à despedida
A quem nem conseguiu agradecer
Alguns dos bons momentos desta vida;”
Deixo-vos com uma sentida homenagem a todos os pais que amam seus filhos. Eduquem-nos, protejam-nos e convivam com eles, porque ninguém pode ocupar o vosso espaço e lugar, com uma frase que achei no site www.esoterikha.com, da autoria de Luís Alves:
“Pai que aos olhos da criança é herói
Pai que aos olhos do jovem é vilão
Pai que aos olhos do adulto é um amigo
Pai que aos olhos do velho é saudade
Quando eu te via como herói
Não sabia quase nada da vida
Sentia-me seguro ao seu lado
Eu só queria ser seu filho
Quando eu te vi como vilão
Pensava que já sabia tudo sobre a vida
Não queria proteção
Eu só queria ser herói
Quando eu te vi como amigo
Pude me dar conta dos erros cometidos
Foi quando realmente te conheci
Que entendi o sentido da vida
Quando me dei conta de sua falta
A idade já havia me alcançado
Você já não era mais herói, nem vilão
Nem amigo e nem solidão
Você virou soma de tudo aquilo que foi
De tudo aquilo que eu pensei que fosse
A síntese da vida que hoje eu vivo
A minha definição da palavra Pai!”
Pedro Saldida