Mostra a tua cara, quero ver quem és…

Começo por falar do meu país de origem, já que começou a receber turistas no belo Algarve. Parece que na Europa está a passar a tormenta e caminha para a nova normalidade, tirando a parte dos festejos por parte dos adeptos do meu clube de coração que não era campeão há 19 anos, mas nada justifica tais atitudes que podem colocar a vida em sociedade em causa. Igual aos festejos do São Paulo, acredito que sejam gritos presos na garganta, mas podemos extravasá-los no recanto dos nossos lares, no conforto de nossos sofás, sem ter medo de contagiar ou ser contagiado.

Apesar de tudo devemos continuar a nossa luta contra este adversário que não dá tréguas, que nos persegue e nos assombra diariamente.

Falando em luta, louvemos a esperteza saloia da família Bolsonaro ao falar que Malafaia é o conselheiro do Presidente. Acredite-se ou não a jogada foi feita para poderem chamar Malafaia na CPI por forma a defender o tratamento precoce, o medicamento que está provado não fazer bem nenhum à saúde humana, que nem pronuncio o nome, por criticar o lockdown. Imaginem um artista daqueles no púlpito da CPI, seria o Santo Graal para os evangélicos. Mais uma vez, falo que o Brasil é um estado laico. Mas o Brasil caminha para um abismo assustador se nada for feito. Veja-se o que estão fazendo no Ministério do Meio Ambiente, deixando passar a boiada, com a conivência do Congresso, mas acreditem, todos ficarão marcados, não podem depois saltar fora do barco e culpar somente o Capitão.

É assustador as pessoas que ainda apoiam este governo, tais personagens políticas, quando este final de semana, após mentir descaradamente na CPI, Pazuello participa de uma manifestação política com Bolsonaro sem máscara, descumprindo as regras sanitárias para o momento que vivemos, sem pensar nos milhares de mortos e milhares de famílias acometidas por um inferno difícil de superar e de transpor. Mas a parte engraçada é que ele quebrou o Código Militar e sua sentença vai ser a reserva militar.

Está difícil de entender como tal acontecimento está decorrendo no nosso país, já que, com Dilma, sob o falso pretexto de pedalada fiscal, se deu uma machadada e sentenciou à morte da mesma de uma forma fria e simples. Agora estamos vendo tudo acontecer e achamos normal, falando que importante era o PT não estar no governo. Dou risada quando Bolsonaro fala que não tem corrupção no governo dele. Meu caro, nem conservadorismo tem, nem liberalismo, o que tem é simplesmente a continuidade do que a família fazia no Rio de Janeiro, mas a uma escala muito mais abrangente, com mais apoio de fanáticos que acham tudo normal. Continuo falando que o que me assusta é o silêncio dos bons. Não escutei ainda ninguém criticar o não uso de máscara no Brasil por parte de Bolsonaro, mas no Equador…

Em Ourinhos, bons são sempre os que estão com a gestão, os que apoiam incondicionalmente o governo da cidade, os outros não prestam, são falsos, praticam fake news, propagam mentiras, são oposição, não querem o desenvolvimento da cidade, só criticam.

Ontem, após a divulgação de projeção de um jogo em telona no Beco da Bola, horas mais tarde que o proprietário, e Vereador da base de apoio do Prefeito, veio a público informar que não foi ele nem ninguém a ele ligado que divulgou tal acontecimento, tanto mais que eles defendem as regras sanitárias em vigor. O pretexto logo foi de fake news, de fatos errados. Mas acontece que demorou a tomar uma posição. Acredito que nunca pensou que iria repercutir tão negativamente aos olhos da população, basta lembrar a época da campanha, das festas que promoveu no seu espaço, nas multas que pagou. Em campanha valia tudo, o vírus não existia. A comissão de ética não deveria ser acionada somente para vereador que pede fiscalização da UPA.

Mas retrocedamos um pouco no tempo, quando um canal de comunicação questionou o Prefeito sobre o custo do Hospital de Campanha e dos cargos comissionados e funções gratificadas. Sua resposta foi na mesma linha das respostas do Bolsonaro, falou para o jornalista que ele estava de má fé e que nas próximas eleições ele que se candidatasse. Pois bem Sr. Prefeito agora vem postar que, sem o apoio do Governo Federal não conseguirá manter o Hospital de Campanha. Lamento informar então que de gestão este Governo Municipal não entende nada. Só dou dois exemplos. Desde o início da pandemia, o munícipio sempre recolheu os tributos dos munícipes, não deixou de receber nada, não isentou nada, portanto as taxas, tributos não sofreram alterações, nunca faltou dinheiro em caixa, nem precisaria desviar verbas de secretarias. Segundo caso, temos que voltar a eles, as funções, os cargos. Bastava cortar para poder ter dinheiro para o hospital de campanha, sem precisar de recursos federais. Não se justifica em lugar nenhum do mundo tanto cargo comissionado, tanta função gratificada, durante uma pandemia, em que muitos estiveram em casa sem trabalhar, recebendo dois salários. Mas exemplo de boa gestão é não dar o reajuste por lei aos servidores, mas aumentar em 3% a previdência. São leis diferentes, a de aumento não pode, por causa da pandemia, mas a de retirada de poder de compra pode.

Achei que Ourinhos precisava de uma mudança, nos tempos da Prefeita Belkis, mas está difícil defender ou apoiar esta gestão. Claro que nem tudo é imperfeito, nem tudo está errado, mas em 4 meses de mandato está um osso duro de roer.

Que falar de Iaras, cujo Prefeito acha que, com 95.000 habitantes, o Governo Estadual e Federal se vão lembrar desta fabulosa terra. Sem qualquer calendarização, sem qualquer busca ativa por vacinação para a sua população o Prefeito de Iaras aguarda de uma Entidade Divina uma Proteção Celestial. Sr. Prefeito, está na hora de juntar todos, oposição, base de apoio, criar uma comissão e correr atrás de vacinação para a sua população, caso contrário ficará marcado na pele com o sangue do seu povo. Está na hora de fazer aquilo para o qual foi eleito, proteger seu povo, abrigá-lo, defendê-lo. Mexa-se por favor ou terá uma catástrofe na cidade. Se você não o fizer, se estiver aguardando o Governo Estadual ou Federal, entregará a cidade às trevas. Faça o bem sem olhar quem coloca do seu lado em busca de um bem maior para Iaras. Não é hora de política, é hora de humanismo, empatia, amor ao próximo.

Finalizando esta vossa crónica com uma frase de Raúl Brandão: “Reduzimos a vida a esta insignificância… Construímos ao lado outra vida falsa, que acabou por nos dominar. Toda a gente fala do céu, mas quantos passaram no mundo sem ter olhado o céu na sua profunda, temerosa realidade? O nome basta- nos para lidar com ele…”.

Pedro Saldida

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