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Quem não sente não é filho de boa gente

Quem não sente não é filho de boa gente

Em Portugal falamos que não nascemos das pedras da calçada, falamos que pertencemos a uma família, que temos laços, ligações e como minha família é de boa índole é gente de bem, e eu fui educado dessa forma, não pactuo com determinadas atitudes ou encenações que façam perante a sociedade. 500.000 mil mortes e nem uma palavra do Presidente da República. Não estranha de fato, já que a calendarização da chacina das classes sociais mais baixas segue o seu ritmo acelerado. Tinha dúvidas sobre a missão do Ministro da Saúde, o Dr. Jair Messias Mengele (o famoso médico Alemão que ficou conhecido como o Anjo da Morte dos tempos de Hitler e que até em São Paulo morou), sempre escutei que havia sido eleito para recolocar as classes sociais de novo em seus devidos lugares e não mais assistirmos a um filho ou filha de porteiro entrando numa faculdade pública, como aconteceu nos tempos do PT. Hoje essa teoria é tão notória e tem tantos seguidores fanáticos que não tem como não falarmos dela. Exemplo disso mesmo é o preço da gasolina e do gás, para não falar do preço da carne. Pois bem, em 2018, associavam o aumento do preço da gasolina, que também estava atrelado ao dólar, à herança maldita das administrações petistas. Em meio do ano de 2021, quatro anos de ausência do PT no governo (dois de Temer e mais dois de Bolsonaro, ambos servindo a elite brasileira) os preços continuam na estratosfera. Sabendo, nós, que a Lava Jato recuperou mais de 5 bilhões de reais, parte da verba até foi utilizada no combate à covid, a culpa continua a ser atribuída ao PT, e deve conhecer o seu ponto final porque é de todo impossível continuar a tapar o sol com a peneira.

Se virem as minhas postagens de há 2 anos atrás eu vaticinava que Moro ia residir nos Estados Unidos, que Lula era inocente e que a culpa não é somente do PT, mas de toda a classe política, toda ela que se senta no Senado e na Câmara. Defendo há muito uma reforma política acima de tudo porque é preciso acabar com muitos privilégios existentes e muitos acordos que são feitos por debaixo de uma qualquer mesa de um café, porque como já falei e escrevi muitas vezes, não é somente Bolsonaro o culpado destas 500.000 mortes, Governadores e Prefeitos e toda a classe política têm as mãos cobertas de sangue.

Não vou falar muito mais do governo, acredito que, conforme um grande amigo fala, é preciso deixar Bolsonaro governar até final porque se houver um impeachement estaremos perante um cenário idêntico ao Nazismo, em que se manterá o Bolsonarismo por 20 anos. Acredito que nas próximas eleições o Brasil retomará seu rumo, espero que não seja tarde demais.

O título desta vossa crônica é um provérbio português muito usado no meu país. Quem não sente, do verbo sentir, no sentido de ressentimento, isto é, quem não ficar ressentido por algo que lhe foi dito, ou feito, não pode ser considerado uma pessoa íntegra. O nosso Vice sentiu, por isso é filho de boa gente, a crônica da semana passada e me mandou uma mensagem, via Whatsapp, curta e simples, dizendo: “Quanto amargor.” Pois bem, não respondi na altura, mas agora, mais calmamente, vou responder. Não é amargor meu caro, é desilusão com uma pessoa que gritava aos ventos que defendia a Educação, é tristeza por ver uma pessoa se corromper num meio do qual não faz parte e vai sempre ser engolido por tubarões porque são mares muito perigosos. Quando foste convidado para Vice todos sabemos que foi uma jogada política do Prefeito, não foi pelos projetos que apresentavas. Todo mundo sabia que o meu caro era a cara da Educação, que ia defender a Educação, mas pasme-se, ou não, estamos num barco sem timoneiro. Ainda não entendi quem de fato manda na Educação, sei que a função de Vice-prefeito só surge em caso de substituição do Prefeito, mas as perguntas que faço para quem manda na Educação ou quem norteia suas diretrizes são três. A primeira prende-se com os uniformes, quem autorizou a compra de uniformes (fala-se em 3 milhões de reais) quando durante 15 meses não tivemos aulas presenciais. Precisava mesmo ou tinha que gastar dinheiro em vão? Segunda pergunta, 15 meses sem aulas e encomendam-se novos materiais didáticos ao Sesi, quanto foi gasto? Precisava? Terceira pergunta, formação para os Professores, parece que vem alguém de São Paulo ou, pior, via remota, vai-se pagar uma fortuna, precisa? Não tem gente capaz no seio da comunidade da Educação? Precisa de pagar essa fortuna toda?

Meu caro Vice como pode ver não é amargor, é preocupação com o rumo que as coisas estão a tomar, em plena pandemia, é um roubo para os cofres públicos o que está sendo gasto na Educação, sem qualquer necessidade, quando estamos a falar da segunda melhor Gestão do Brasil. Enquanto isso as escolas precisam de pintura e os profissionais não são valorizados. Falando em valorizados volto a frisar que não é amargor, é revolta e explicarei rapidamente. A pessoa que se diz da Educação e defensora da Educação, quando conversei sobre a Comissão de Inspetores e suas reivindicações, o nosso Vice me escreveu que tinha que solicitar as reivindicações com um Vereador da base de apoio do Prefeito. Então vocês, gestão, não se interessam pela população, porque se eu levar as reivindicações a Cícero, Roberta ou Guilherme vocês não aprovam nem se interessam? Tem que ser da base para mostrar que estão trabalhando. Pois está errado esse pensamento, essa forma de agir. Em um município o que deveria efetivamente importar é a população e não as guerrilhas políticas. Meu pai foi Vereador muitos anos em Portugal e sempre fez acordos com oposição para melhorar a cidade, para melhorar a vida dos cidadãos. É assim que eu vejo a política, servir o povo, melhorar as condições de vida do povo. É assim que vejo os Vereadores da dita oposição, os únicos que de fato lutam pela população, os outros estão servindo interesses superiores sem olhar para baixo, sem se preocuparem com o bem-estar da população, vejamos como vai ficar a CPI da Saúde na Câmara. Vejam as mortes que temos em Ourinhos e eventos na Fapi tivemos e teremos, como se estivesse tudo bem, funcionando em pleno, mais grave, sem uma palavra de solidariedade para os familiares das vítimas de tamanha enfermidade dantesca que nos assola, a única palavra que tem é de acusar as pessoas de não cumprir o distanciamento, o isolamento, mas não coloca regras, aliás regras não andam de mãos dadas com esta gestão, quando em plena pandemia fazem um churrasco de aniversário e elementos da gestão comparecem. Amor ao próximo, empatia, preocupação não existem nesta gestão. A sorte é que o nosso Prefeito não terá oposição para Deputado Estadual e facilmente ganhará. O azar é de quem ficará ou será indicado pelo mesmo para as próximas eleições. Já se vislumbram uns seis candidatos, mas o que for indicado pelo Prefeito, pode até mesmo ser Luana, não terá a mínima chance porque o povo não vai esquecer e tem muita gente que vai fazer por lembrar a péssima gestão praticada na nossa cidade. Para o nosso Prefeito cada vez mais se aplica a famosa frase “o último fecha a porta”.

Deixo-vos com uma frase de Bocage, famoso poeta português, na fábula o Lobo, a raposa e a ovelha:

“Ingênuo, tem conta em ti!

No mundo há muitos enganos (Eu o sei, porque os sofri);

Os bons padecem mil danos

Julgando os outros por si.”.

Pedro Saldida

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