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Teste de preconceito

Teste de preconceito

Numa mesma sala de aula, há dois alunos com características e comportamentos  semelhantes, porém, com uma diferença significativa: o primeiro é branco, muito branco, e o segundo é negro, muito negro.

Primeira fase:

A) Qual dos dois terá, seguramente, maior chance de sofrer bullying pelos colegas da turma em decorrência de sua aparência?
Se você respondeu que não há como saber, pois as chances são possivelmente semelhantes, parabéns!  Você ganhou 10 pontos.
B) Qual dos dois terá, seguramente, maior chance de carregar um apelido relacionado a sua aparência por todo o período escolar?
Se você respondeu que não há como saber, pois as chances são possivelmente semelhantes, parabéns!  Você ganhou 10 pontos.
C) Qual dos dois terá, seguramente, maior chance de chamar a atenção das pessoas na rua, em decorrência de sua aparência?
Se você respondeu que não há como saber, pois as chances são possivelmente semelhantes, parabéns!
Você ganhou 10 pontos.

Segunda fase:

A) Qual dois terá, seguramente, maior chance de ser abordado pela polícia ao caminhar sozinho pelas ruas de madrugada, em decorrência de sua cor?
B) Qual dos dois terá, seguramente, maior chance de ser reprovado em uma entrevista de emprego, em decorrência de sua cor?
C) Qual dos dois terá, seguramente, maior chance de não ser eleito o prefeito de sua cidade,  em decorrência de sua cor?

Resultado:

O preconceito de aparência realmente  existe. Porém, é muito diferente do preconceito de cor. Embora ambos sejam inaceitáveis, as raízes deste segundo são mais profundas e as suas consequências agem também no âmbito social,  desqualificando,  reduzindo, excluindo e matando as suas vítimas.
Massacres acontecem diariamente contra populações que já foram dizimadas. Infelizmente,  a segunda fase do teste não carece de resposta,  tampouco de pontuação (na verdade,  nem a primeira. Devolva seus pontos!), pois ela está tão evidente quanto velada. No entanto, se preconceito são os valores que atribuímos sem mesmo conhecermos algo ou alguém, o que faremos depois de estudarmos a história e tentarmos compreender os reais motivos do racismo no nosso país e os efeitos nefastos que ele causa a milhões de vidas – sendo estas de negros de peles dos mais diversos tons?

Jota Carneiro é Professor de História e Escritor de contos e poesias

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