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Ventos da Tarde

Ventos da Tarde

Ventos da tarde

Por Daiane Almeida

Depois de um banho de flores,
cantei para as plantas e elogiei a brancura do lírio da paz.
Sentei me ao sol depois da chuva,
os ventos quentes
passearam pela minha nudez.
Mensagens ancestrais uivando pelas frestas da casa antiga,
fizeram ritmados sons com as janelas tortas,
sinfonia da tarde preenchida com magia.

O som das folhas secas revirando em redemoinhos,
os pássaros urbanos, o dulcificado silêncio humano.
As infusões, Calêndula, Hibisco, Artemísia, Camomila,
forças naturais usadas pelas bruxas que restaram,
aquelas que nutrem a erva com seus passos,
que matam com o olhar felino.

São mulheres, homens e animais,
que ouvem o vento,
que cantam para o mundo interior,
que compreendem o infinito cósmico como mistério necessário,
apreciam a finitude doce da carne e dos dias.

Amam e nutrem a terra com seu existir.
São elípticas gerações futurando novas vidas,
multiplicam a abundância e suportam a dor,
porque entendem sua inevitável destruição para a criação.
São na terra, cria e criador,
múltiplos movimentos,
expansão e contração,
filhos do devir.

*Daiane Almeida é poeta e professora de Filosofia

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