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Um caixão para o mandato de Capitão Augusto?

Um caixão para o mandato de Capitão Augusto?

A greve geral desta sexta-feira, 28 de abril de 2017, foi a maior em décadas. Grandes cidades como São Paulo, Rio, Brasília ficaram às moscas e grandes manifestações tomaram conta de todo o Brasil. Milhões de brasileiros manifestaram sua insatisfação com reformas que subordinam a um acordo entre partes todos os direitos vigentes deste Getúlio Vargas, impõe condições draconianas para aposentadoria, ao mesmo tempo em que jogam deficientes físicos e velhos pobres do Benefício de Prestação Continuada na miséria.

Em Ourinhos não foi diferente e centenas de pessoas protestaram contra a perda dos direitos trabalhistas e previdenciários. O destaque foi o protesto em frente ao escritório político do Deputado Federal Capitão Augusto (PR-SP), onde um caixão ficou em destaque.

O parlamentar certamente viu aquilo com desagrado. Talvez tenha reduzido sua importância. Mas se tiver um bom raciocínio político não poderá ignorar o significado simbólico de um caixão como o da morte de sua carreira política, que enfrentará dificuldades crescentes para sua reeleição.

O fato é que os ourinhenses sempre apostaram na representação parlamentar para alavancar o seu desenvolvimento. No entanto, hoje poucos acreditam que o mandato de Capitão Augusto tenha sido um marco no desenvolvimento da cidade.

Ainda mais sintomático foi o checão para Belkis de emendas parlamentares para recapeamento asfáltico não ter feito cócegas na buraqueira de Ourinhos.

Assim, poucos ourinhenses avaliam o mandato de Capitão Augusto como essencial à Ourinhos.

Capitão Augusto tem optado por um apoio cego ao Governo Temer, cuja avaliação de ruim/péssimo já atingiu 61% segundo o Datafolha, votando retrocessos sociais como o PL da terceirização, a PEC 55 que congelou gastos públicos em saúde e educação por 20 anos e a Reforma Trabalhista. No último Datafolha, Temer tinha apenas 9% de ótimo e bom, abaixo dos 13% de aprovação de Dilma no momento do golpe parlamentar.

O parlamentar ourinhense defende sua atuação afirmando que essas reformas criarão empregos. Mas até agora a PEC 55 não impediu que o desempenho atingisse o recorde de 13,7%. Além disso, não são poucos os economistas que afirmam que as reformas serão inócuas na geração de emprego. Se Capitão estiver errado em sua avaliação sobre o potencial de geração de empregos das reformas, os votos contra direitos dos trabalhadores e financiamento dos serviços públicos terão um custo altíssimo para sua reeleição e a mera votação contrária à reforma da previdência pode não suficiente para reverter o estrago.

Se em Ourinhos a situação do parlamentar não é boa, entre os militares a concorrência com Major Olímpio (SD-SP) é pesada. Este parlamentar leva a vantagem de um enfrentamento mais claro contra Alckmin e Temer, governos que sistematicamente têm prejudicado os militares.

A última aposta de Capitão Augusto é no eleitorado reacionário, já declarando apoio a Jair Bolsonaro para presidente da República. Mas é bom combinar com os russos, afinal  Bolsonaro tem lançado como candidatos os seus filhos, inclusive no Estado de São Paulo, que devem atrair a maior parte do eleitorado de extrema-direita. Se não estiver acertada a questão partidária e dependendo da composição da chapa, Capitão Augusto poderá ficar de fora.

Em política não existe determinismo. O ex-governador mineiro Magalhães Pinto dizia que política é como nuvem: você olha está de um jeito. Você olha de novo está de outro. Capitão Augusto ainda poderá realizar movimentos que salvem sua reeleição. Mas não há como não concluir que a situação atual é crítica.

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