×

Setembro Amarelo: mês dedicado a ações de prevenção ao suicídio

Setembro Amarelo: mês dedicado a ações de prevenção ao suicídio

Compreenda mais sobre o assunto e saiba o que você pode fazer para ajudar o próximo

 

Juliana Neves

 

O mês de setembro tem como sua marca o tom amarelo por causa de uma razão específica que é dedicado para ações de prevenção ao suicídio. Além de ser uma temática com alta relevância para discussões em sociedade. Por isso, a psicóloga, Isadora Silva Brandini, concedeu uma entrevista ao Jornal Contratempo para explicar melhor sobre o Setembro Amarelo e o suicídio em si.

 

CT: O que é setembro amarelo? E quando tudo começou?

Isadora: Tudo começou no setembro de 1994, quando um rapaz de 17 anos, chamado Michael Emme, tirou a própria vida em seu Mustang amarelo. O acontecimento causou muita comoção e para o seu velório seus entes fizeram cartões com fitas amarelas com mensagens incentivando a procura por ajuda. Desta forma, nasceu o setembro amarelo, que visa a conscientização sobre o suicídio e sua prevenção. Porém, devemos sempre nos lembrar que tais ações devem ser executadas o tempo todo.

 

CT: O que é sucídio?

Isadora: É o ato intencional de uma pessoa tirar a própria vida ou tentar fazê-lo. Porém, antes do ato, a pessoa passa pela ideação que são os pensamentos e planejamento suicida.

 

CT: Como perceber que uma pessoa pode ser suicida?

Isadora: Normalmente, a pessoa que está considerando o suicídio dá alguns sinais. Estes podem ser por meio de palavras, quando a pessoa de fato expressa verbalmente o desejo de se matar; ou mesmo com atitudes, como ações muito repentinas, por exemplo, pagar todas as dívidas de uma vez, fechar contas em bancos, doar muitos pertences ou a automutilação/autolesão.

 

CT: O que o suicídio significa para a pessoa?

Isadora: A pessoa que comete suicídio tem uma relação muito particular com isso, portanto, não existe uma única resposta. Em algumas situações significa o desejo de acabar com o sofrimento e não com a vida em si.

 

CT: Como pode surgir a vontade de cometer suicídio? O que pode passar pela cabeça de uma pessoa para chegar neste ponto?

Isadora: Essas também são questões bastante particulares e não existe uma única resposta. O desejo suicida vem de questões múltiplas que vão formando uma “bola de neve”. Quando essas questões não são devidamente cuidadas pela pessoa, podem levar a pensamentos e desejo suicida.

 

CT: Como podemos ajudar as pessoas?

Isadora: É muito importante que a gente trate o assunto com todo o respeito. Sempre que alguém expressar o desejo de se suicidar, devemos escutar e não fazer julgamentos ou críticas, mas sim acolher a pessoa. Também devemos procurar ajuda de um profissional capacitado para esta demanda. Fazer psicoterapia é algo extremamente importante e pode trazer uma série de benefícios.

 

 

CT: Como é um tratamento psicológico para as pessoas com tendência ao suicídio?

Isadora: A psicoterapia vai trabalhar as questões que a pessoa trouxer, buscando fortalecimento, criatividade e ferramentas para construir novos caminhos e ressignificar muitas coisas.

 

 

CT: Como prevenir?

Isadora: É muito importante sempre mantermos uma rede de apoio. Ou seja, sempre ter alguém com quem a gente possa contar, seja um amigo, família, entre outros. A psicoterapia também pode ajudar muito, e não somente nesta questão, mas em várias outras que possam incomodar a pessoa. Lembrando que o processo da psicoterapia também busca autoconhecimento e fortalecimento, o que também é uma forma de prevenir o desejo suicida.

 

 

CT: Como este assunto é tratado em sociedade?

Isadora: Infelizmente, falar sobre o suicídio ainda é visto como um tabu, pois ainda se acredita que tão somente falar neste assunto poderá provocá-lo, o que é uma ideia bem equivocada. É importante que a gente fale sobre o suicídio sem sensacionalismo nenhum, ou seja, sem divulgar fotos, cartas etc. Também não devemos romantizar e nem desmerecer o suicídio, mas sempre tratar o assunto com respeito e cuidado.

 

CT: O que a sociedade pode fazer para ajudar a ocorrer menos suicídios?

Isadora: Falar sobre o suicídio. Incentivar as pessoas a se expressarem e buscarem ajuda, mostrar que ninguém está sozinho e que sempre haverá uma rede de apoio pronta para ajudar. Tratar o assunto, não com sensacionalismo ou julgamentos, mas com respeito e sensatez, oferecendo acolhimento e ajuda profissional.

 

“O Centro de Valorização da Vida (CVV) é um serviço de acolhimento que funciona 24h por dia e pode ajudar em um momento de crise. Ligue 188 e converse com alguém. Mas sempre devemos lembrar que a psicoterapia e outros cuidados são indispensáveis. Tire um tempo para você. Descanse. Faça algo que gosta. Fique com quem você gosta. Se cuide. E nunca esqueça que você não está sozinho!”, finaliza a psicóloga.

 

You May Have Missed