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O moderno versus pós-moderno, engajamento político e democracia: o efeito Brasil

O moderno versus pós-moderno, engajamento político e democracia: o efeito Brasil

Diogo Almeida

Mestre em Filosofia pela UEM

O limiar do processo republicano do Brasil trouxe elementos liberais, muitos deles positivistas, ao Brasil do século XIX, o que permitiu que houvesse uma espécie de industrialização primária – ainda agrícola, cafeicultora –, mas também a famigerada libertação dos escravos – abandonados à própria sorte –, e a Proclamação da República, realizada na surdina noturna, sem participação popular, este que ficou sendo conhecido depois, ao ver a tomada dos militares pelas ruas e a fuga do imperador, como os “bestializados”.

Esses eventos pretendiam modernizar o Brasil, porém o que imperava ainda era o propósito otimista hegeliano de Estado Moderno, a confiança na separação dos poderes, conforme um verdadeiro estado democrático de direito.

Assim caminhava até a chegada dos anos gloriosos do capitalismo, e sua crise que é inerente à sua condição, durante os anos 60 e 70, que novos referenciais teóricos vieram explicar o mundo e suas múltiplas interpretações da realidade, com novos protagonistas exigindo que sua existência fosse respeitada, como os movimentos das minorias, feministas, negros, homossexuais, etc.

No Brasil, isso chega em forma de movimento estudantil e dos trabalhadores, contra o regime de exceção que se vivia nos anos 1970, bem como dali nasce toda uma geração de liberais, democratas, reformistas, e (não tantos) revolucionários, para formar o país da Nova República, do final dos anos 1980, e seguir até os dias atuais.

Essa nova configuração de Brasil fez nascer um país com feições democráticas, visto a pluralidade de pensamento e ações que foi vista desde então. O problema é que, como tudo que se pode pensar “pós-moderno” (ou seja, para além do propósito kantiano universal), até mesmo a ideia de verdade será debatida ao extremo do relativismo, chegando ao absurdo de se negar todo esse projeto científico-laico-iluminista, onde se pode negar o inegável, como as liberdades individuais, sobretudo pautadas no bem comum e coletivo, da ciência, da laicidade do Estado etc.

 

Esse texto é parte 1 de 3 da série “O assujeitamento de subjetividades na realidade brasileira”, constituída de resumos oriundos de uma mesa-redonda de mesmo nome, realizada por Diogo Almeida, Luiz Bosco e Maurício Saliba, em 2018.

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