02 de Agosto, Dia D da BNCC: o golpe de Temer sobre o ensino médio
Sem planejamento e preparo, o Governo Federal decidiu que, no dia 02 de agosto, professores das escolas de todo Brasil debaterão sobre mudanças previstas na Reforma do Ensino Médio. A proposta é que esse seja o “Dia D sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)” e a Reforma do Ensino Médio.
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) alerta os professores sobre o “Dia D” e as possíveis manobras do Governo Federal, visando enganar e precarizar ainda mais o ensino público e acabar com o emprego de todos. Além disso, a intenção de mascarar o caráter antidemocrático desta proposta com a possibilidade de um “debate” na próxima quinta-feira.
Em entrevista para o Jornal Contratempo, o Professor Luís Horta, conselheiro da APEOESP Subsede Ourinhos, alerta que o o governo Temer quer legitimar o “pacote de maldades” contra os alunos que dependem de nossas escolas públicas para conseguirem uma vaga nas universidades ou empregos dignos.
A oferta do MEC, no dia 02 de agosto, é que os professores, em 4 horas de debate nas escolas, apresentem um posicionamento sobre o documento (BNCC) que tem mais de 150 páginas.
A orientação é de que os professores debatam o tema, mas se recusem a responderem os questionamentos do documento, tirem uma posição da Escola pedindo que o Conselho Nacional de Educação rejeite a BNCC e que o tema retorne para debate em 2019, após a eleição de um governo legitimado pelo voto da população brasileira.
BNCC e desemprego dos professores – Segundo a proposta do Governo Temer, apenas Português e Matemática continuam como disciplinas obrigatórias, o que resultará no desemprego em massa para a categoria dos professores.
A proposta da BNCC torna 40% do currículo flexível, sem detalhar quais disciplinas irão se encontrar como tal. Além disso, abre espaço para que as aulas desta parte “flexível” sejam oferecidas fora da escola, on line ou em institutos privados; podendo fazer de boa parte do Ensino Médio, um “curso a distância”. Outra possibilidade aberta, é a contratação de docentes pelo chamado “notório saber”, ou seja, sem formação pedagógica e específica na área.
Pesquisadores da área, contrários a proposta, afirmam que é uma iniciativa privatista, apoiada por grandes empresas, como a Fundação Lemann, Fundação Roberto Marinho e até bancos interessados em privatizar o ensino e obter investimentos públicos para gerir e lucrar com a educação.
Ao ser consultado pelo Jornal Contratempo, Marcos Corrêa, professor na ETEC Jacinto F. de Sá e EE Domingos C Caló, não consegue entender como a sociedade brasileira assiste calada, mais uma vez, este “rolo compressor”. “É impressionante como imersos na Sociedade da Informação, tal ação transcorra sem grandes mobilizações da sociedade civil, já que envolve um dos direitos mais sublimes a dignidade humana: o direito a educação pública de qualidade, democrática e inclusiva.”
Na compreensão do professor: “temos uma informação que deforma, destrói consciências e fabrica um ser não mais portador de direitos, mas consumidor. Consumidor, inclusive, da informação que o atomiza, o imobiliza e não permite tomar posição. Vivemos a ‘Era dos Extremos’: da extrema ignorância.”