“A Fapi no Monstrinho” na crônica de Jair Vivan Jr.
Falava-se em uma grande quermesse no “Monstrinho”, só que sem fogueiras e bombinhas, também já estávamos bem crescidinhos para isso, agora os interesses eram outros, a não ser virar cambalhotas nas montanhas de palha de arroz usadas para amenizar o barro e a sujeirada do gado e demais animais que concorriam a premiação da exposição.
Tinham muitas novidades, no único pavilhão, o ginásio de esportes, repleto com os stands das indústrias e grandes empresas da cidade e região, as arquibancadas acomodavam a exposição de hortifrúti granjeiros com os produtos disputando a premiação.
Neste mesmo espaço acontecia a exposição de pássaros e pequenos animais, em uma delas levei um diploma de participação por ter apresentado meu único passarinho, um Saíra-sete-cores, ruim de canto, mas muito bonito.
No centro da parte externa, ficava a grande arena do rodeio para montaria em cavalos, que eram mantidos no cercado algumas horas antes do início.
Mas naquela quinta feira ela estava sem os animais, soubemos que uma bomba de farinha armada com uma granada de 100 em uma lata de um quilo de manteiga Aviação adquirida já vazia no Empório Santo Antonio, havia sido detonada no meio dos cavalos provocando um estouro e uma grande nuvem branca, espalhando para longe as montarias, se não me engano nesta noite não teve rodeio. (memórias de uma fonte confiável).
Teve um dos nossos que ganhou o rodeio juvenil por ser muito alto e ter pego o cavalo pequeno, cruzou os pés por baixo da barriga do bicho e assim não caiu.
No parque montado na parte alta do local, tinha a manjada roda gigante dentre outros brinquedos, mas o preferido era o Chapéu Mexicano que se alguém fosse com a barriga cheia era bom não ficar perto, até que chegou o Tobogã que ficava instalado no espaço onde hoje é a Câmara Municipal e o desbancou, aquilo sim era um brinquedo radical.
Na verdade acho que nem devia ser chamado de brinquedo, quando usado para a modalidade de tomar uma pinga grátis oferecida no stand da Oncinha que ficava próximo e descer em pé, normalmente caindo e se ralando todo.
Os principais bares e restaurantes se faziam presentes em uma estrutura de madeira com um piso térreo e um superior, montada beirando o Tiro de Guerra e empinhocava de gente para os comes e bebes, balançava mas não caía.
E as atrações como o faquir na cama de pregos com duas cobras, o equilibrista traçando o cabo estirado à uma grande altura sem rede de proteção (morreu em acidente de trabalho um tempo depois em algum evento), a mulher gorila, esquadrilha da fumaça e outras.
Já tinha a escadaria do parque só que bem menor e também já era o ponto de encontro, referência anunciada pelo locutor que também dava recadinhos românticos para os desgarrados e apaixonados.
No mais era passear com as meninas entre os arados, tratores, máquinas agrícolas e caminhões expostos na área externa, cada qual com sua varinha personalizada com o nome gravado e marcas de queimado em sua extensão para dar um estilo, que eram usadas para cutucar alguma coisa, ou só para uma chinfra mesmo e se fosse o último dia, já degustava a derradeira maçã do amor e o último churros do ano.
Depois, limpar a crosta de barro e palha de arroz dos sapatos, acabar de calibrar e decidir em que baile ir, na cidade ou fora.
Acho que só depois da 3a. FAPI já no Parque Olavo Ferreira de Sá, local apropriado para o evento, dentre novas atrações e grande variedade gastronômica, entraram na programação os mega shows com artistas famosos e as montarias em touros com superproduções.
Assim foi se descaracterizando de seu objetivo principal e no entanto sendo considerado um dos principais eventos da modalidade no país. Desde então a festa máxima de nossa cidade.
… JVivanjr.