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“Dos Velhos Comícios às Fake News” (Material de Campanha) Jair Vivan Jr.

“Dos Velhos Comícios às Fake News” (Material de Campanha) Jair Vivan Jr.

Na época das eleições que antecederam a ditadura militar a cidade ficava animada. Dos mais remotos comícios, me lembro dos grandes palanques de madeira armados na Av. Jacinto Sá com a Antonio Prado, na Praça Melo Peixoto, em frente a Casa Alberto na 9 de Julho, nos bairros e regiões mais populosas em algum lugar que fosse bom para improvisar um palanque em cima de um caminhão e aglomerar pessoas.

Não importava muito quem eram os candidatos, o importante era estar presente e fazer parte dos grandes eventos, coisa rara em nossa pacata cidade.

Aproveitávamos o momento para um hobby efêmero de colecionar panfletos e santinhos de campanha, focando em variedades e quantidades.

Como evolução dessa onda, visitávamos os comitês no propósito de arrecadar material que iam além de papéis e adesivos, tinham: camisetas, canetas, flamulas, canecas, broches, displayzinhos de fósforos de papelão e outros.

O melhor brinde de campanha a meu ver foi o do Jânio Quadros quando disputou a presidência com o Ademar de Barros. Seu símbolo era uma vassoura (aludindo à limpeza que propunha fazer na corrupção…) e rolava um lápis com uma vassourinha na extremidade superior, muito legal, foi a campanha que mais aproveitei, tinha um farto material em papel couché impresso com tinta de cores fortes, santinhos e modelos de células a rodo, chaveiros, muitos brindes e alfinetes de vassourinhas a dar com pau.

Jânio ganhou mas teve seu mandato resumido para apenas sete meses, devido a uma renúncia nunca devidamente esclarecida.

Dois anos antes do golpe militar, tivemos eleições estaduais também com a participação do Jânio, dá-lhe mais vassourinhas…, mas esta ele perdeu para o Ademar.

Com a imposição do bipartidarismo durante o regime militar, só eram reconhecidos a Arena (situação) e o MDB (oposição) como partidos para concorrer às eleições parciais, dividindo a cidade, o estado e o país em duas grandes torcidas, como em qualquer outro grande jogo.

Só voltamos a ter eleições para presidente quase trinta anos depois, quando então eu já não tinha mais tanto interesse por material de campanha para coleção, a não ser algumas camisetas e uns bonés.

Hoje o mais importante não é o material impresso ou os brindes de campanha e sim as divulgações áudio visuais, discursos e trocas de informações pelas mídias sociais, na maioria das vezes falsas, principalmente nas redes de mensagens direcionadas para o interesse na mudança de opinião no voto, mesmo que para isso tenha que: chutar a santa, bagunçar sua casa no seu dia e até trocar de Deus, afinal vivemos a era das “fake news” não interessa muito o que é ou não verdade e sim o que se quer acreditar, vide o caso do boné no Complexo do Alemão.

Ai que saudades dos velhos comícios quando até as mentiras eram de verdade.

JVivanJr.

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