Eleição Esquisita
Durval de Lara Fernandes
Esta é a primeira campanha eleitoral com as restrições, especialmente as financeiras, que passaram a vigorar no Brasil.
Até a eleição anterior a quantidade de propaganda eleitoral que se via nas ruas beirava o absurdo. Lembro-me, por exemplo, da eleição municipal de 2010 vencida pela ex-prefeita Belkis Fernandes, em que cada esquina da cidade
tinha um totem com a figura da então candidata, assim como do enorme número de carros de som apregoando as inúmeras virtudes dos candidatos a vereador, jornais entregues de casa em casa e santinhos à mancheia.
No pleito nacional de 2014 houve uma luta aguerrida entre os candidatos Aécio Neves pelo PSDB e Dilma Roussef, candidata à reeleição pelo PT. Em 2014, assim como hoje, eleição para deputado estadual, senador, deputado federal, governador e presidente da república. Quantidade também enorme de propagandas.
Hoje, passados 4 anos daquele pleito e 2 do golpe perpetrado por Michel Temer e pela caterva que o sustenta, nos vemos novamente em meio a uma campanha eleitoral. Esta, porém muito diferente das anteriores, já que, traz em
seu bojo os efeitos da Operação Lava-jato, que fez crescer na população um desencantamento com o processo político, bem como das alterações na legislação eleitoral, que restringem a propaganda.
Mas não é por isso que eu acho que esta eleição está esquisita. O que me causa estranhamento é o fato de as candidaturas a governador, senador, deputados federais e estaduais foram relegadas a plano muito inferior, em
comparação à disputa para a presidência da república, polarizada entre esquerda e direita.
Outro fato digno de nota, é que nos poucos adesivos de carros que se vê, não há menção a governador e nem a presidente, diferentemente do que se via anteriormente, em que cada candidato ao parlamento fazia questão de externar sua vinculação a candidatos a governador e presidente. Será que os candidatos a presidente e governador tiram, em vez de acrescentar votos?
A governador, por exemplo, vi 3 ou 4 carros com adesivos de Paulo Skaf. Nada de Dória, nada de Márcio França, nada de Luiz Marinho. Para presidente alguns carros apoiando Bolsonaro, uns poucos para Haddad e nenhum para
Alckmin, Meirelles e Marina.
Em Ourinhos o futuro Ex-Deputado Federal de extrema direita Augusto Rosa, eleito com as sobras dos votos do palhaço Tiririca, e bajulador de carteirinha do também direitista Jair Bolsonaro, conhecido nacionalmente como "Coiso",
omite de sua propaganda sua vinculação ao Coiso, talvez de olho no voto de algum desavisado que o julgue digno de confiança apenas pelo fato de ser daqui. Será que ele tem vergonha do candidato que apoia? Outras perguntas interessantes: A quem o futuro ex-deputado apoia para governador? Qual sua indicação para o Senado? Tem ele preferência por algum candidato a deputado estadual?
As mesmas perguntas podemos estender à grande maioria dos candidatos a deputado estadual e federal. Eu tenho muita curiosidade em saber, por exemplo, quem são os candidatos a governador e presidente do candidato Alexandre Zóio. Teria ele também vergonha de externar suas preferências?
Esquisito, muito esquisito.