Em meio a pandemia Santa Casa fecha as portas para funcionários públicos
por Luís Horta*
É totalmente descabida as alegações da diretoria da Santa Casa de Ourinhos para justificar a interrupção dos atendimentos aos funcionários públicos estaduais – principalmente quando estamos em meio a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, causada pelo COVID-19 – que vivem os medos e as incertezas de que, em algum momento, nós, familiares ou colegas de trabalho, expostos ao contágio poderemos adoecer e, agora, por falta de atendimento local, sermos mais um número triste nas estatísticas dessa doença.
A Santa Casa fechou suas portas a categorias profissionais que estão expostas a riscos iminentes como: funcionários da saúde, policiais civis, agentes penitenciários, oficiais de justiça, gestores e agentes escolares (que continuaram trabalhando presencialmente nas escolas), professores que estão sendo forçados a retornarem em breve, e muitos outros.
Os valores que eram pagos pelos procedimentos e atendimentos médicos ambulatoriais são os mesmos repassados a mais de 80 hospitais, incluindo muitos de alta complexidade, e 80 laboratórios de análises clinicas e de imagens privados e os valores de consultas médicas aceitos por quase 2.600 médicos credenciados por todo o Estado e que são solidários, empáticos e entendem que este é o momento de buscar “dar atendimentos e salvar vidas” e não de se discutir contratos, principalmente as que são redes filantrópicas e “sem fins lucrativos”.
Difícil, assim, aceitar que a direção da Santa Casa abra mão de um contrato de mais de R$ 4.800.000,00 anuais e, ao mesmo tempo, permanentemente, faça gestões aos deputados para receber “emendas parlamentares” para suprir suas “dificuldades” – que recorra ao Estado e seus representantes para buscar recursos e simultaneamente fecha as suas portas aos seus funcionários.
Esperemos que as gestões que estão sendo feitas ao Estado e a Direção da Santa Casa, por diversos mandatos parlamentares, surtam efeitos e que se encontre um caminho para retornar os atendimentos de imediato.
* Professor na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Diretor e coordenador regional da Apeoesp
** Artigos não refletem necessariamente a opinião do Jornal Contratempo e sim a opinião de seus autores.