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Mãe denuncia violência de professora contra criança autista na rede pública de Ourinhos

Mãe denuncia violência de professora contra criança autista na rede pública de Ourinhos

No início desta semana, a mãe de um menino de sete anos, estudante de uma escola municipal de Ourinhos, entrou em contato conosco para relatar a violência contra seu filho. A mulher pediu para que não fosse identificada, a fim de proteger-se e garantir a proteção da criança. Afirmou que não é o primeiro caso de agressão e que as mães e a comunidade escolar precisam tomar ciência do que vem acontecendo.

A moradora do bairro Jd. São Judas Tadeu, contou-nos que, na segunda-feira, 04, seu filho chegou da escola, por volta das 18h00, muito pálido, reclamando de dor na cabeça e com um comportamento atípico. Esclareceu que, aos poucos, foi conseguindo que a criança lhe explicasse o que havia acontecido naquela tarde.

O aluno, por sua condição especial, tem uma professora de apoio para acompanhá-lo individualmente em sala de aula. Conforme o menino foi contando, a mãe conseguiu entender que seu filho tinha a ideia de ir à FAPI para andar de roda gigante com o colega de classe e, por isso, muito animado na euforia dos seus planos, desobedecendo a ordem de ficar sentado, levantou para ficar perto do amigo, o que gerou uma reação violenta da professora.

Durante a entrevista, a mulher afirmou que “a professora o empurrou fazendo com que ele batesse a cabeça contra a parede”. Tentando entender como foi acontecer esta truculência com uma criança autista de apenas sete anos, a mãe ainda disse: “conheço meu filho, os trejeitos dele, conheço como ele se comporta numa situação de euforia e de alegria”.

“Recentemente, o diretor da escola disse que eu não educo meu filho”, contou-nos a mulher, na fala que mostra a falta de preparo e tato de um educador com o assunto.

Sem saída, dependente do que o estado lhe oferece, obrigada a deixar seu filho nas mãos de pessoas que não confia e que não lhe escutam, é mais uma das milhares de mães que sofrem com a violência de um projeto mal construído de inclusão e de educação de crianças que requerem um tratamento especial.

Na denúncia ao Jornal Contratempo, a ourinhense contou-nos que outras mães que, compartilham de histórias semelhantes, também sofrem com a falta de preparo da escolas regulares e, por isso, muitas vezes, o projeto de inclusão não é admitido entre elas. Entretanto, a essas mães não sobram outras opções para que seus filhos estudem.

O medo de falar – Medo do filho sofrer as consequências, medo de perder a vaga na APAE e medo de sua criança ser ainda mais observada de forma maldosa, julgada e exposta, impedem que a mãe denuncie as pequenas (e grandes) violências que seu filho sofre diariamente. O medo não é condição apenas desta mãe, é de todas que enfrentam a realidade de ter uma filho com deficiência, especialmente, no caso do autismo, cujas deficiências são comportamentais e complexas, e, muitas vezes, incompreendidas pelas pessoas, que reagem de forma grosseira, e neste infeliz caso em Ourinhos, violentas.

Sem explicações e sem conseguir provar de onde surgiram, anteriormente, ao chegar da escola, hematomas já foram encontrados no corpo da criança. Além disso, o menino emagreceu muito nos últimos meses e a mãe acredita que, por não se alimentar sozinho e precisar de supervisão na hora de comer, não estão dando merenda para ele. A mãe já pediu explicações sobre as marcas aos funcionários, ao diretor e à professora da sala, ainda sem pensar que os hematomas poderiam vir da professora de apoio, foi sempre recebida com desculpas e desinteresse.

Fotos enviadas pela mãe mostram os hematomas que foram fotografados anteriormente.

Através do Messenger do Facebook, a ourinhense procurou a professora que agrediu seu filho. Sem a mãe citar a violência, a mulher justificou o que “havia acontecido” no dia.

Tela capturada da conversa entre a mãe e a professora de apoio.

Esta mãe foi atrás de providências para procurar justiça ao seu filho. Ainda muito inconformada, esclareceu que decidiu divulgar a história por acreditar que este é um passo para que agressões como as que seu filho, autista, de apenas sete anos, sofreu, não aconteçam mais.

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