Memória – O “delivery” dos padeiros, leiteiros, verdureiros e bucheiros
Por José Luiz Martins –
Eles fizeram parte do cotidiano da cidade de décadas passadas, eram personagens do dia a dia da população quando estavam no seu trabalho entregando produtos de porta em porta. O padeiro, o leiteiro, o verdureiro e o bucheiro com seus carrinhos puxados por cavalos, diariamente circulavam pela cidade.
O padeiro sempre passava mais cedo, pois, a entrega começava de madrugada por volta das 5 horas. Do lado de fora das casas da freguesia, sempre tinha um lugar específico onde era deixado o pão, podia ser no parapeito da janela ou na soleira da porta ou em um apetrecho pendurado nas cercas de madeira muito comun nas casas à época.
Em seguida vinha o leiteiro também nas primeiras horas da manhã, chegava buzinando ou gritando, leeiiiteeeiiiro! O morador sabia que era hora de ir até o portão, com o canecão ou outro vasilhame qualquer para pegar o leite que era fervido em seguida. Na sequencia era a carroça do verdureiro com suas variedades de verduras, legumes e frutas e; também o bucheiro trazendo a ¨mistura¨ para o almoço.
Os bucheiros eram presentes principalmente nas vilas onde a maioria da população era de baixa renda. Vendiam em suas carroças tal qual a do padeiro, tipo baú, cortes menos nobres de carne suína e bovina e vísceras desses animais: fígado, coração, língua, paquera, miolo, rabada, mocotó, cabeça, pés e rabo de porco e o tradicional bucho (eufemizado como “dobradiha”).
A mercadoria era retirada logo após os primeiros abates da manhã no matadouro municipal na Vila São Luiz, tinha que ser vendida logo, pois os baús dos carrinhos, revestidos internamente de chapas de alumínio, não tinham qualquer sistema de conservação, nem gelo. Mas isso não era motivo para que a freguesia não consumisse os produtos que eram muito mais baratos que nos açougues.
Em comum além da entrega em domicilio, da tração animal, da buzina de mão com sua base de borracha e uma corneta na extremidade, havia a cadernetinha na qual se anotava os ¨fiado¨, pois naquela época; freguês cativo tinha crédito e pagava no pagamento.
Essas lembranças são hábitos, usos e costumes de um tempo formado de vivências e tradições herdadas dos antepassados transmitidos de geração em geração, até que a evolução que a tudo abarca, cause inevitáveis transformações no modo de vida das pessoas.