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Sindicância aponta erro de funcionários em desvio milionário em Santa Cruz do Rio Pardo

Sindicância aponta erro de funcionários em desvio milionário em Santa Cruz do Rio Pardo

Segundo relatório, o diretor de contabilidade Emerson Diniz teria sido negligente porque não fiscalizou a tesouraria da prefeitura onde trabalhava Sueli Feitosa. Ele também autorizou uma transferência ilegal feita pela funcionária de uma conta de iluminação pública do município para outra conta. O relatório pede que Emerson seja suspenso por 30 dias sem remuneração, o que ainda será decidido em um processo administrativo.

O ex-secretário de finanças Armando Cunha foi negligente, de acordo com relatório, porque não observou seus subordinados e não fiscalizou como deveria as contas da prefeitura. O relatório fala que ele deveria observar os extratos bancários, quando só observava o controle interno da prefeitura.

O advogado de Armando informou que ele recebia relatórios já adulterados por Sueli Feitosa. Ele ainda disse que membros da comissão de sindicância que deveriam fiscalizar Sueli Feitosa não foram citados nesse relatório final. Emerson foi procurado, mas não quis comentar sobre o caso.

Levantamento de bens
A Polícia Civil fez buscas no dia 10 de fevereiro em imóveis de Sueli Feitosa. O pedido foi feito pelo Ministério Público. Os policiais passaram o dia nas casas de Sueli Feitosa e da irmã dela, Camila Pereira, que ficam no Residencial Braúna, bairro nobre da cidade. Com autorização da Justiça, todas as posses da família foram catalogadas. O relatório será juntado ao inquérito que investiga os desvios de dinheiro na prefeitura.

O objetivo da polícia é saber o número de bens e o valor de cada um. Por isso dois peritos participaram da ação, um para avaliar os móveis e outro os eletrodomésticos.

Se os investigados não conseguirem comprovar como pagaram os bens e forem condenados pela Justiça, as posses serão destinadas para ressarcir os cofres públicos. Segundo a polícia, os desvios de dinheiro feitos por Sueli Feitosa podem chegar a R$ 10 milhões.

O novo advogado de Camila e Adilson, Luis Mitsunaga afirmou que não concorda com a ação policial desta sexta-feira porque não há nada no inquérito qualquer prova material que comprove qualquer crime do casal contra a prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo. Já o advogado de Sueli não quis comentar o assunto.

Polícia fez buscas nas casas de investigadas por desvio milionário (Foto: Reprodução/TV TEM)

A ex-tesoureira, que se entregou à polícia no dia 8 de fevereiro, foi indiciada por peculato, falsificação de documentos públicos, associação criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. O cunhado de Sueli, Adilson Gomes também está preso suspeito de participação nos desvios.

Três irmãs da ex-funcionária foram indiciadas pela polícia. Silvia Regina Feitosa, Camila Pereira do Sacramento e Aparecida de Fátima Feitosa Moura foram indiciadas por falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A mãe de Sueli Feitosa, Maria da Conceição de 70 anos também foi indiciada pelos mesmos crimes.

Segundo o inquérito, existem provas de que elas tiveram participação nos desvios de dinheiro feitos pela ex-tesoureira da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo. Ainda de acordo com a investigação da polícia, os nomes das irmãs de Sueli Feitosa eram usados pela ex-tesoureira para comprar casas e terrenos.

Sueli usava irmãs para fazer golpes (Foto: Reprodução/TV TEM)

Acareação
A Polícia Civil de Santa Cruz do Rio Pardo (SP) ouviu na quarta-feira (22) depoimentos de pessoas que trabalharam com Sueli Feitosa. Prestaram depoimento, o ex-secretário de finanças e o diretor de contabilidade do município.

A primeira parte do depoimento do ex-secretário de finanças Armando Cunha durou três horas. Em seguida, foi feita uma acareação entre as declarações dele e do diretor de contabilidade da prefeitura Emerson Diniz, que também foi chamado para depor.

Foi na pasta de finanças que trabalhava Sueli Feitosa, que confessou ter desviado dinheiro dos cofres públicos.  Ela foi presa preventivamente no dia 8 de fevereiro depois de ficar 45 dias foragida. Na saída da delegacia, eles não quiseram comentar o assunto.

Segundo a Polícia Civil, o objetivo da acareação é saber de quem era a responsabilidade em fiscalizar a tesouraria da prefeitura e porque ninguém descobriu antes os desvios de dinheiro feitos pela ex-funcionária. Ainda segundo a polícia, na acareação, Emerson admitiu que a função de auditar a tesouraria era dele, mas que não conseguia fazer o serviço porque Sueli se recusava a entregar documentos e que ele não tinha autoridade pra obrigá-la a cumprir suas ordens. Disse também que chegou a levar esta questão para o ex-secretário de finanças.

Mudanças
O secretário de finanças Armando Cunha foi exonerado pelo prefeito Otacilio Parras. Ele estava no cargo desde 2001 e passou por três administrações diferentes. O ex-secretário de finanças disse em nota que recebe a exoneração com naturalidade e tranquilidade. Falou ainda que espera que a apuração dos fatos transcorra da forma mais isenta e transparente possível e diz estar aberto a colaborar para que isso aconteça.

Secretário é exonerado após investigação de
desvio milionário (Foto: Reprodução/TV TEM)

O novo secretário é João Carlos Zarantonelli, que ocupava o cargo de diretor de fiscalização tributária. Mas segundo o secretário de gestão e comunicação social Célio Guimarães, a mudança não tem a ver com a investigação do desvio. “Vai haver outras mudanças no departamento que compõe a secretaria de finanças. Isso é um processo de restruturação da secretaria, nada mais que isso.”

A prefeitura também informou que a sindicância interna que apurou os desvios já foi concluída, mas o relatório final não vai ser divulgado, por enquanto. Com base nesse relatório, já foi iniciado o processo administrativo contra Sueli Feitosa, com isso ela deve ser demitida do cargo concursado que ocupava.

Na delegacia os policiais analisam os documentos da quebra de sigilo bancários da família Feitosa. Segundo a polícia o montante desviado é de mais de R$ 7 milhões.

Flagrante
Durante o tempo que ficou foragida, a polícia fez buscas em diversos endereços. Um vídeo gravado em um hotel em Campinas mostra o momento em que o advogado Antônio Maruca, a cliente dele Sueli Feitosa, as irmãs dela Silvia e Camila e o cunhado Adilson entram no hotel. Sueli aparece com o braço enfaixado. As imagens foram gravadas dia 24 de dezembro de 2016, na data ela ainda não era considerada foragida, mas foi um dia depois da prefeitura ter anunciado desvios de R$ 3,5 milhões dos cofres do município e ter apontado a ex-tesoureira como principal responsável.

Segundo a polícia, em depoimento os parentes de Sueli negaram ter estado com ela naquele dia. De acordo com as investigações, ela ficou hospedada no local em Campinas alguns dias e depois mudou de esconderijo.

Sueli se entregou à polícia no dia 8 de fevereiro (Foto: Reprodução/TV TEM)

Enquanto isso, a polícia monitorava os passos da família. Na última segunda-feira (6), o cunhado de Sueli, Adilson Gomes de Souza teve a prisão decretada. Segundo a polícia, além de esconder provas e documentos, ele é um dos beneficiários diretos dos desvios de dinheiro da prefeitura.

A mãe de Sueli, Maria da Conceição também foi presa por atrapalhar as investigações e ser beneficiária do dinheiro. Ela ficou treze dias na penitenciária de Pirajuí até que a Justiça concedeu a liberdade provisória e na terça-feira ela deixou o presídio.

Segundo a polícia existem indícios de que ele foi beneficiado com dinheiro supostamente desviado da prefeitura. Adilson será levado pra cadeia de São Pedro do Turvo.

No dia 27 de janeiro, Camila e Adilson foram à delegacia espontaneamente e mudaram o depoimento após a prisão da mãe da ex-tesoureira. De acordo com o delegado Valdir Alves de Oliveira, o casal mudou parte das declarações que podem alterar as investigações.

Ex-funcionária da prefeitura é suspeita de desvio
de verbas (Foto: Reprodução/TV TEM)

“O Adilson alterou apenas um tópico de sua versão anterior, que não muda muito o caminho da investigação. Mas essa declaração vai ser usada depois em outro procedimento que vai ser instaurado contra ele. Eu não posso revelar este tópico porque pode atrapalhar nossa investigação”, explica o delegado.

Dois caminhões de Adilson foram apreendidos. Se comprovada a ligação entre o dinheiro utilizado na compra dos veículos com os supostos desvios de dinheiro da prefeitura, os veículos serão utilizados para ressarcir os cofres públicos.

Na quarta-feira (1º), Maria da Conceição foi ouvida novamente pela Polícia Civil e mudou o depoimento. Segundo o delegado, desta vez a aposentada admitiu que a maioria dos bens da família foi pago por Sueli Feitosa. “No primeiro depoimento ela disse que foi com muito esforço que conquistaram o que tem, com venda de imóveis. E hoje ela reconheceu que grande parte dos imóveis foi comprado com valores dados pela filha Sueli, o que corrobora as investigações da polícia”, diz o delegado Renato Mardegan.

Ainda segundo Mardegan, a idosa contou à polícia que chegou a questionar a filha sobre o dinheiro. “Ela disse que desconfiou e chegou a interpelar a filha Sueli sobre esses valores e ela desconversava e ela passivamente aceitava essa situação.”

Sequestro de bens
A Justiça determinou na segunda-feira (30) o sequestro dos bens da ex-tesoureira. Sete imóveis, sendo uma chácara e seis casas dela e de parentes, estão bloqueados. A casa em que Sueli de Fátima Feitosa morava está avaliada em R$ 1 milhão, segundo a polícia. Com o sequestro, os donos não podem vender esses bens.

“Já tínhamos pedido o bloqueio de vários veículos que estão relacionados a Sueli e a familiares. São bloqueios administrativos, a pessoa tem um gravame no veículo e não pode vender. E também agora esses sequestros dos imóveis que é lançado na matrícula desses imóveis esse gravame, também não pode ser alienado e no final do processo, se o juiz entender que são bens oriundos do ilícito, eles serão alienados e ressarcidos da prefeitura”, explica o delegado Valdir Alves de Oliveira.

Caminhões de Adilson foram apreendidos (Foto: Reprodução/TV TEM)

Beneficiária direta
Maria da Conceição Feitosa, de 70 anos, foi presa na quinta-feira (26). A mãe da ex-tesoureira agiu com o objetivo de dificultar as investigações e é beneficiária direta dos desvios de dinheiro feitos pela filha, ainda de acordo com o delegado.

Com base em um levantamento de todas as posses e bens em nome de Sueli Feitosa e em pessoas da família dela, a polícia afirma que a ex-tesoureira da prefeitura é suspeita de ter desviado mais que os R$ 3,5 milhões descobertos inicialmente.

A polícia chegou a essa conclusão prévia depois que uma análise apontou que o patrimônio da suspeita e da família é maior do que o valor de dinheiro desviado e que é incompatível com o que ela recebia como funcionária, aproximadamente R$ 2 mil por mês.

A polícia já ouviu no inquérito as três irmãs de Sueli, dois cunhados e a mãe dela, todos na condição de investigados. A polícia ainda aguarda a decisão da Justiça sobre os pedidos de quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico de Sueli Feitosa.

Desvio de verba
Segundo o delegado, o objetivo é descobrir qual o real patrimônio construído pela funcionária pública Sueli de Fátima Feitosa enquanto ocupou o cargo de diretora na prefeitura. “Através da queda do sigilo fiscal nós conseguimos analisar o patrimônio dela e dos familiares a fim de verificar se existe uma correspondência entre o ganho real e o patrimônio que eles ostentam e declararam à Receita Federal.”

Segundo as investigações, a suspeita pegava dinheiro do caixa da prefeitura e depositava em contas pessoais. Para esconder o desvio extratos bancários eram falsificados. A Polícia Civil apreendeu documentos, contratos e computadores na casa da suspeita – que não está na cidade – e de parentes dela. Todo o material está sendo analisado. Segundo o delegado, o responsável pode responder por peculato, falsificação, falsidade ideológica, estelionato e possível associação criminosa.

Polícia investiga desvio de verba em Santa Cruz do Rio Pardo (Foto: Reprodução/TV TEM)

 

 

 

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