VÍDEO: “Acho que falta sexo lá”, diz prefeito de Salto Grande em resposta a denúncia de vereadora
A grosseria foi registrada em uma live de quase meia hora transmitida pelo Face book (veja o video no finnal da matéria), na qual Mario Rosa tentava rechaçar a denuncia feita pela vereadora de desvio de pedra asfáltica de uma estrada rural para a construção de dois patamares dentro do Rio Paranapanema.
Bolsonarista de carteirinha, o prefeito irmão do deputado federal Capitão Augusto (PL-SP), repetiu o estúpido comentário de uma seguidora que disse que a vereadora trabalhava muito por “falta de sexo”, “acho que falta sexo lá”, repetiu o prefeito.
O vídeo com a fala machista e odiosa do prefeito e a resposta da vereadora rodou nas redes sociais, pelo TikTok, Mônica refutou a grosseria do prefeito dizendo: “Nãnaninanão, Mario Rosa, para mulheres livres, independentes e inteligentes como eu não falta sexo. Sabe o que falta? Livrar-me de gente sem caráter como você. Uma aberração desse Dia Internacional das Mulheres, no dia 8 de março de 2023”.
Mônica Cury exerce seu primeiro mandato como vereadora e é considerada uma grata revelação na politica salto-grandense. Casada há 18 anos e mãe de um adolescente, ela disse a reportagem do Contratempo que o temor impera na cidade entre os munícipes que ousam reclamar da administração de Mario Rosa, “tem medo de serem punidas”, perseguidas pelo prefeito receando o não atendimento público municipal básico.
Veja as declarações da vereadora ao Contratempo sobre o caso e a repercussão do vídeo na internet. “Eu, vereadora do município, denunciei o desvio de pedra asfáltica de uma estrada rural para a construção de dois patamares dentro do Rio Paranapanema”. Revoltado com a denúncia, o prefeito abriu um live no Face book de aproximadamente 30 minutos, em que rechaçava minha denúncia e, aos gritos, se referiu a mim como a “pessoa política que quer o mal para Salto Grande”… durante a exposição, uma seguidora dele comentou, por escrito, que eu trabalhava muito por “falta de sexo”… frase repetida por ele que, inclusive, disse que “teria que dar um jeito lá”.
População com medo; solidariedade da família e amigos.
“Infelizmente, o medo é latente em nossa cidade. Pessoas que reclamam da administração têm medo de serem punidas, e ficarem sem o atendimento público municipal básico para si e suas famílias. Na Câmara municipal fui defendida pela parlamentar Priscila Pocay. Tive, ainda, o apoio de meus amigos, minha família, e pessoas que não conhecia na internet”.
Quanto aos demais pares na Câmara, Mônica conta que apesar ter compartilhado privadamente o fato e sua angústia com os vereadores, apenas dois homens se manifestaram a seu favor. “Infelizmente, acredito que essa seja uma conversa muito avançada para nosso legislativo”, reagiu.
Ela por enquanto, não tomará nenhuma medida contra o prefeito e revelou ainda que não foi a primeira vez que Mario Rosa lhe ofendeu, “em outra oportunidade, fui chamada de débil mental, louca, retardada, aos berros, no meio da rua, por ele. Já fui retirada pelos seguranças de festa municipal, pública, e já apanhei de ente que depois foi glorificada pelo prefeito. Quanto a essas atitudes, tomei as medidas processuais cabíveis, a meu favor”, pontuou.
Com relação à recente descompostura preconceituosa em rede mundial de computadores, ela acredita que as medidas a serem tomadas elevam-se a uma categoria muito maior: “As mulheres, definitivamente, não são e não podem ser consideradas objeto sexual nas mãos de ninguém. Somos e podemos muito mais que isso”, afirmou.
Casada há quase duas décadas disse que seu esposo é um o grande amigo e tem uma superioridade psíquica que ultrapassa esse tipo de machismo. Referindo-se a seu companheiro disse: “…quando ele se refere a uma mulher, ele sente por ela o mesmo respeito que sente por sua irmã, sua mãe, suas sobrinhas. E pessoas como ele jamais se deixam afetar por agravos como o do prefeito”, destacou.
Para a vereadora a maior chateação para seu cônjuge é por conta da violência que ela tem suportado cotidianamente, ”violência política, psicológica, física. Mas temos um filho, adolescente, maravilhoso, e nosso dever, hoje é esse: mostrar que quem age como Mario Rosa age, definitivamente não é um exemplo a seguir”.
Com relação à administração da cidade, Mônica Cury acrescentou dizendo que poderia colaborar e muito com o seu desenvolvimento. “Só preciso que me deixem trabalhar, sem ameaças”, concluiu.
A reportagem do Contratempo tentou contato com o prefeito de Salto Grande via a assessoria da prefeitura, mas ainda não houve retorno à reportagem.