Munícipe reclama do atendimento do Hospital Covid em Ourinhos
A aposentada relata descaso consigo em posto de saúde e no hospital de campanha do município
Juliana Neves
Marli Bernardo, aposentada, é uma munícipe de Ourinhos que realizou teste de farmácia de Covid-19 no dia 21 de fevereiro, pois estava com sintomas desde o dia 18 do mesmo mês. Além de ter agendado um outro teste no posto de saúde do bairro Boa Esperança.
No dia do teste no posto, Marli já estava com o resultado positivo da farmácia e a médica do posto lhe indicou os medicamentos do Ministério da Saúde, que são o antibiótico Azitromicina e o vermífugo Ivermectina, por exemplo. “Na verdade, acho que tinha que começar com a realização de um raio-x para verificar o grau de comprometimento dos pulmões. Foi o que aconteceu comigo. Não estava sentindo muita febre, mas tinha e no domingo comecei com muita febre e falta de ar, além de tosse”, conta a aposentada.
Com isso, Marli foi para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e afirma que foi quando sentiu na pele o descaso com a população. Segundo a aposentada, quem está com suspeita ou certeza da doença de Covid-19 fica junto na mesma sala, seja criança, adulto ou idoso e passa por uma pequena triagem, mas sem assistência especial.
“Era uma médica novinha responsável que nem se deu ao luxo de ver os pacientes. Quem tenta cuidar de você são os enfermeiros. E acabei indo para um quarto específico de covid e foi o momento em que enxerguei o inferno. Fiquei a noite toda sem ar, tinha uma enfermeira super atenciosa de Jacarezinho-PR, mas não pode fazer muita coisa. Fiquei lá, na segunda-feira inteirinha já passando muito mal e ninguém fazia nada. Tinha uma enfermeira que dizia que estava procurando vaga no Hospital Covid, mas não podia mandar para lá porque o hospital é para casos mais leves e eu só piorava. Quem conseguiu que houvesse a transferência, depois de um dia todo passando mal, fui eu. Me fiz de louca e falei que assinava qualquer papel para ir embora. Assumi os riscos, mas não passaria mais uma noite ali. Daí a médica apareceu no meio do corredor, morrendo de medo de chegar perto e falou que iria me transferir para o Hospital Covid. Pois bem, fui para o Hospital Covid na noite de segunda-feira e me sentindo cada vez pior. O pessoal do turno da noite do Hospital Covid até fez alguma coisa. Deu a mesma medicação indicada pelo ministro do presidente. Não resolve. Na terça-feira, fiquei no Hospital Covid e percebi que aquele local é depósito de enfermagem considerada vip pela secretaria de saúde, mas na verdade não serve para nada. É um lugar só para aplicar remédios prescritos pelos genocidas do poder e ninguém tem atitude nenhuma. Só consegui encaminhamento para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de Paraguaçu Paulista porque uma boa alma, uma fisioterapeuta que estava ali na terça-feira, percebeu que meu caso estava piorando e me colocou num aparelho que expande os pulmões e minha saturação começou a melhorar. Foi a sorte”, relata Marli.
Ao chegar no outro município, a aposentada avalia que foi quando iniciou um tratamento sério para a sua melhoria, afinal em Ourinhos não haveria médicos preocupados no Hospital Covid. “Está tudo errado. É só ver como aumentou o número de mortes aqui. Pura incompetência. Está na hora de alterar o modo de trabalho destes profissionais e pararem com a característica de puxa-saco do presidente Bolsonaro”, conclui Marli.
Hospital Covid
Em paralelo a este relato da munícipe, na data de ontem, 17 de março, o prefeito Lucas Pocay (PSD) anunciou em uma transmissão ao vivo via Facebook a renovação do aluguel do hotel, para mais três meses, para a continuação do hospital com 50 leitos de enfermaria e quatro de estabilização. Os dez leitos de UTI que seriam abertos no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) serão instalados na unidade de Assis-SP que atenderá pacientes ourinhenses, se for preciso.
Bem como informou que está batalhando para que não falte insumos e medicamentos para o tratamento da doença no Hospital Covid. Mas não esclareceu quais são os remédios específicos que utilizam durante a diária do paciente no hospital de campanha.