O fracasso da concessão dos parquímetros de Chicago

A concessão do sistema de parquímetros de Chicago é considerada um dos grandes fracassos da relação público-privada, exatamente no berço do moderno liberalismo americano de Milton Friedman. O sistema de parquímetros da cidade foi concedido por 75 anos ao Morgan Stanley por US$ 1 bilhão. No entanto, um ano após assinado o contrato, auditores da cidade de Chicago apontaram que os cofres municipais receberam US$ 1 bilhão a menos do que o valor devido.

Os problemas dos parquímetros de Chicago não param por aí. Pelo contrato, a cidade é obrigada a indenizar a concessionária caso haja eventos que possam prejudicar os lucros como festas de rua, mudanças no trânsito ou redução de vagas de estacionamento. A prefeitura de Chicago já foi condenada judicialmente a ressarcir em US$ 61 milhões o Morgan Stanley.

Essas indenizações inviabilizam ou prejudicam muitas das ações de modernização da cidade. Chicago chegou a planejar a construção de 20 linhas rápidas de ônibus, os BRTs, mas a possibilidade de ter que indenizar a concessionária de parquímetros pela redução de vagas de estacionamento está criando dificuldades para a execução do projeto.

A autoridade de trânsito de Chicago também enfrenta problemas para dar segurança aos ciclistas. Estudos mostram a necessidade de redução de pontos cegos aos motoristas através da proibição de estacionamento de veículos perto de cruzamentos de vias. Contudo, a necessidade de indenizar o Morgan Stanley irá atrasar a implementação dessas medidas de segurança pelos próximos 66 anos restantes do contrato.

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