Artigo: O uso de agrotóxicos e os seus efeitos negativos para a saúde humana – Por Mário Ferreira
Hoje vamos falar sobre o uso de agrotóxicos e seus efeitos nocivos à saúde humana. Infelizmente, o Brasil é líder mundial no consumo de agrotóxicos. Em média, consomem-se 5 kg de agrotóxicos por pessoa no Brasil, por ano.
O Instituto Nacional do Câncer relaciona o uso dessas substâncias com doenças como a infertilidade, a impotência, abortos, malformações e efeitos negativos no sistema imunológico que podem facilitar o aparecimento de câncer.
De acordo com o Atlas do Agrotóxicos, referenciado pela Revista Fórum, entre 2010 e 2019, quase 57 mil pessoas foram intoxicadas por agrotóxicos no Brasil, uma média de 15 infectados por dia. O número pode ter sido ainda maior devido à subnotificação, segundo estimativa do Ministério da Saúde.
O Atlas também alerta para os impactos econômicos do uso dessas substâncias, pois se calcula que os casos de intoxicação por agrotóxicos geram um custo de R$45 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). Isso significa que cada US$1 gasto na compra de agrotóxico pode onerar o SUS em US$1,28.
Outro estudo excelente da pesquisadora da USP Larissa Bombardi, publicado em português em 2017, traz dados de morte por intoxicação em diferentes locais do Brasil e expõe a presença de resíduos agrotóxicos nos alimentos e na água potável em comparação com o limite europeu. Entre os riscos para a população brasileira, a pesquisa destaca “contaminação ambiental, intoxicações, tentativas de suicídio, malfarmações congênitas e doenças crônicas”.
Esta situação nacional afeta mais nossa vida cotidiana e nossa saúde do que se pensa. Conforme noticiado pelo Jornal Biz, um levantamento realizado pela Repórter Brasil, a partir de dados de 2022 do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, do Ministério da Saúde, Ourinhos é uma das 128 cidades do estado de São Paulo com recorde de agrotóxicos detectados em análise da água distribuída pelo sistema de abastecimento público.
Não bastasse esse contexto, recentemente o Senado Federal aprovou o chamado Projeto de Lei (PL) do Veneno, que facilita ainda mais o uso dessas substâncias tóxicas no país e muda regras de fiscalização.
O texto, que segue agora para sanção presidencial, possibilita a liberação, no Brasil, de agrotóxicos que estão proibidos nos EUA e na União Europeia, como é o caso do glifosato, um dos venenos mais utilizados no país.
Agora é esperar que o presidente Lula vete esse projeto em sua íntegra. Obrigado pela leitura e até a próxima!