Promessas

Vivemos tempos difíceis, tempos de violência, tempos extremos.

O sonho da globalização capitalista se concretizou, em partes, extremas partes.

Temos acesso ao melhor da tecnologia, acesso ilimitado a informações, saímos da menoridade intelectual, compramos o melhor dos importados, com ou sem impostos. Temos o poder de escolha. Escolhemos entre Vivo e Claro, entre Gol e Celta, entre A e B. Votamos. Chegamos até a acreditar que somos livres. Como disseram que seríamos.

E vivemos como se fossemos livres. Como se não enxergássemos a gaiola. Vivemos felizes por termos opiniões, e por estarmos completamente certos nelas.

No mundo globalizado capitalista não há erro, foi o que disseram. O livre mercado há de regular tudo, a livre concorrência há de nos trazer o melhor do melhor. E com justiça.

Mas não disseram o que fazer, caso tudo o que disseram, fosse apenas mentiras.

Não sabemos o que fazer quando nosso poder de voto é anulado, “na cara larga” da mídia. Não sabemos o que fazer depois de um golpe, um nocaute, que nos levou a lona e abriu contagem. Não sabemos se levantamos ou jogamos a toalha.

O que fazer quando o plano dá errado? Será que foi a execução ou o planejamento?

Não, não deve ser. O plano de mundo globalizado capitalista não pode dar errado. Ele é perfeito, basta se esforçar, acordar cedo e trabalhar. Foi o que disseram.

Acreditamos neles. Eles que sabem de tudo e decidem por todos. Mas nós decidimos quem são eles, afinal, votamos.

Mas apenas um detalhe não nos disseram. Podemos escolher qual das cartas da mesa pegamos.

Mas quem é o dono do baralho marcado?

Escolhemos como se fossemos livres, e até acreditamos nisso.

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