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Não é só botar lúpulo

Não é só botar lúpulo

Olá, caro leitor! Tudo bom? Hoje vamos falar sobre uma diferença fundamental entre as famosas American Pale Ales e as Indian Pale Ales, as APAs e as IPAs. Sem contar as novidades, um tanto curiosas, que surgiram no meio da viagem. 

Apesar de óbvio, talvez a diferença já se perceba no nome. As APAs são pale ales produzidas pela escola americana, enquanto que as IPAs tenham surgido na mão dos ingleses e das navegações imperialistas. Mas o que isso muda?  As India Pale Ales foram quase um acidente. As enormes distâncias percorridas para levar a cerveja inglesa para Índia, fez com que grandes quantidades de lúpulo fossem adicionadas – devido a sua ação conservativa – gerando uma cerveja muito mais forte do que as ales tradicionalmente consumidas antes. Em questão de experiência sensorial, as IPAs são marcadas por uma característica notória: o amargor, já que apresentam sempre IBU acima de 50. Algumas Double ou Imperial IPAs chegam ao 120 IBU. De acordo com o BJCP, o relato de suas origens variam, mas a maioria concorda que o que mais tarde ficou conhecido como IPA era uma pale ale preparada para expedição para a Índia no final de 1700 e início dos anos 1800.

Anúncio Cervejaria Bow convidando as pessoas a tomar sua East India Pale Ale.

George Hodgson da Cervejaria Bow tornou-se bem conhecido como um exportador de IPA no início de 1800 e é o primeiro nome mencionado frequentemente com esta popularidade. Tal como acontece com todas as cervejas inglesas com uma longa história, a popularidade e a formulação do produto mudaram ao longo do tempo.  As cervejarias de Burton, com sua água rica em sulfatos, foram capazes de desenvolver com sucesso IPA e começaram seu domínio neste mercado na década de 1830, época em que o nome India Pale Ale foi usado pela primeira vez. A intensidade e a popularidade diminuíram com o tempo e o estilo quase desapareceu na segunda metade do século 20.

Buscando diferentes fontes históricas podemos chegar a conclusão de que, apesar da notoriedade de Hodgson e a Bow, o estilo teria se desenvolvido de forma coletiva por vários mestres cervejeiros. 

E as APAs? Norte-americanos são crias inglesas. Compartilharam muitas coisas, copiaram e melhoraram, ou estragaram, outras tantas. Com a cerveja não foi tão diferente. Em virtude de terem maiores áreas disponíveis para o plantio e condições climáticas mais diferenciadas do que a Inglaterra, as variedades de lúpulo são maiores no lado americano do Atlântico. O principal lúpulo usado na fabricação das APAs é o Cascade.

O Cascade é um lúpulo com características de frutas vermelhas e caramelos.

Nesse estilo, o aroma do lúpulo predomina sobre o seu amargor, deixando o malte mais pronunciado. Se no caso das IPAs foi impossível estabelecer um criador do estilo, as APAs devem sua existência à Sierra Nevada Brewing Co. de São Francisco na Califórnia em 1981. Até sua consolidação como estilo, as Pale Ales feitas com lúpulos locais eram marcadas apenas como brassagens locais de cervejarias menores.

Resumindo: IPAs são mais alcoólicas e amargas; APAs são mais leves e aromáticas.

Mas aí no meio do caminho surgem as New England IPAs ou Juicy IPAs. Cervejas que surgiram no nordeste dos Estados Unidos, principalmente Connecticut, Maine, Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island e Vermont. São bem diferentes das IPAs e APAs. Costumam apresentar gostos e aromas mais frutados e corpos mais densos – pelo uso de outros tipos de cereais. 

Seja APA, IPA ou NEIPA. Que esteja no meu copo. 

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