SOBRE “O PRIMEIRO E OUTROS CONTOS” Por Durval de Lara Fernandes
Com muita intensidade Mário Ferreira nos emociona a cada uma das histórias, ou melhor, causos, como ele próprio afirma ao longo da obra, ao nos relatar coisas típicas do nosso Brasil, especialmente no que diz respeito às mazelas sociais que nos afligem, às quais ele está muito atento.
O livro nos faz viajar no tempo e revisitar, por exemplo, os períodos que antecederam e que sucederam o golpe militar de 1964 e à ditadura que se instalou no país por tantos anos. Situações que eu achava que estavam superadas no Brasil, mas que voltaram à pauta nos últimos 4 anos, com a ascensão ao poder da extrema-direita representada por Bolsonaro et caterva. Um travo amargo me domina todas as vezes que penso qual teria sido o destino do Brasil, caso esse domínio neofascista se estendesse por mais tempo. Mário Ferreira, no entanto, de forma magistral, soube extrair doçura de todas as situações amargas que expôs em sua obra, e me colocou em contato com personagens plenos de generosidade, de esperança, de fé e de amor. Personagens que, munidos desses sentimentos, viveram alegrias, dores, paixões, e que mesmo silenciosamente, em seus íntimos, tal qual Dolores Ibárrruri, encararam as diversidades e afirmaram: Não passarão!
Há algumas semanas, conversando com o autor, disse a ele que as histórias que ele conta no livro, são contos que têm todos os ingredientes para serem pequenos romances, e ele me afirmou que está, segundo suas próprias palavras, “caraminholando o projeto de escrever um romance”. Minha esperança é que isso passe logo da fase das caramilholas e se concretize no papel.