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“Metade da população são Mulheres e a outra metade são seus filhos” Por Pedro Saldida

“Metade da população são Mulheres e a outra metade são seus filhos” Por Pedro Saldida

Dia Internacional da Mulher é a 8 de Março. Muitos de nós comemoramos o dia sem saber o porquê. Pois bem, vamos lá.

Em 1906 se dá um dos primeiros movimentos liderado por mulheres. Em 26 de Fevereiro, em Nova York, foi realizada uma passeata com mais de 15 mil participantes com reivindicações por melhores condições de trabalho.

Em 1910, Clara Zetkin na Alemanha organiza passeatas durante uma reunião da Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, exigindo também melhores condições de trabalho.

Mas em 1917 é que assumimos a importância do dia 8 de Março para as mulheres. Várias operárias saíram nas ruas para protestar contra a fome que estavam passando e pediam o fim da Primeira Guerra Mundial. Sem saberem deram o primeiro passo da Revolução Russa. A oficialização universal só se dá em 1975 pela ONU.

Antecipei minha crónica para sair exatamente no Dia Internacional da Mulher, já que é a minha mais singela homenagem que está ao meu alcance. No dia a dia já o faço com o maior respeito para com as pessoas do sexo feminino. Qualquer forma de agressão, física ou verbal, é de uma covardia sem precedentes.

A forma de homenagear todas as mulheres do Mundo me veio à ideia quando pensei em 5 mulheres que de uma forma ou de outra, fazem parte  de grupos sociais dos quais participo e representam grande parte das mulheres atualmente.

A primeira Mulher que quero homenagear se chama Sílvia Borges. Sílvia nos deixou esta semana com 47 anos vítima da Dengue. Fiquei incrédulo, impávido, as lágrimas não podiam sair para não afetar as crianças, para continuar a fazê-las felizes e sorrir( mas até elas sentiram e sofreram com tua falta menina), porque quem a conhecia verdadeiramente sabe que era de uma alegria sem precedentes. Quando ela chegava na escola já chegava brincando, rindo e interagindo com todo mundo, até mesmo com as crianças.

Sílvia lutou contra uma vida cheia de percalços, Sílvia foi uma batalhadora nata, quem sabe sua história de vida pode confirmar, me doeu muito ver minha querida Sílvia ser mencionada em uma nota de pesar como uma pessoa polémica. Se ser polémica porque era uma feroz defensora dos seus direitos e de seus pares, então também sou polémico. O que muitos não sabem é que nossa amizade era verdadeira e leal, muitas vezes trocávamos mensagens e debatíamos situações que considerávamos injustas e quem falou em relação de coleguismo não foi totalmente honesto porque eu vi as mensagens que ela recebeu, ela me contava e mostrava tudo.

A nossa relação permitiu uma confiança extrema e tudo o que vi e convivi com ela posso afirmar: tu eras uma lutadora, uma batalhadora, uma ativista contra injustiças, foi um prazer ter conhecido essa pessoa de coração gigantesco e sentimento de justiça imenso, foi um prazer teres-me chamado de amigo e eu te ter como amiga, sentirei muita falta das brincadeiras que comigo fazias e da tua alegria, do teu sorriso, por isso não fui no teu velório, quero guardar esse rosto sorrindo sempre que fazias alguma piada sobre mim, esta a imagem que guardarei para sempre na minha mente. Onde quer que estejas continua sorrindo e brincando, até já minha linda.

A segunda mulher que quero homenagear se chama Sangenes Aparecida Vieira, a minha amiga Vieira como sempre me dirijo a ela, pelo respeito e carinho que por ela nutro. Vieira é filha de pais Nordestinos, neta de Portugueses, Alemães, ciganos e Africanos( brigar com ela não deve ser nada bom, olhem a miscelânea de raças, não deve ser nada fácil de aturar, brincadeira amiga). Vieira nasceu em São Paulo em 1968 mas é uma mulher que já residiu em quase todos os quadrantes deste nosso imenso Brasil.

Vieira é uma mulher de uma simplicidade incrível, quem sabe por causa da roça, já que Vieira é Assentada, atualmente no Município de Iaras, há 18 anos pela reforma agrária. Trabalha no ESF Rural no Assentamento, ama demais seu trabalho de Agente Comunitário de Saúde. Estuda Psicologia mas a sua vocação está na terra. Vieira ama plantar agrofloresta, ama ver a chuva molhando a terra, ama presenciar a explosão das sementes no solo. Não consegue para de observar os passarinhos, não cansa de sentir e escutar o vento. Sempre que tem um tempo livre brinca com seu cachorro, sempre que pode vai dar um mergulho no rio, e sempre tem um tempo para conversar e ajudar aqueles que mais precisam.

Em 1996 Vieira abraça o movimento dos sem Terra na Regional de São Paulo, tendo se deslocado para o acampamento de Iaras, mesmo tratando de um Câncer em que o útero foi retirado. Vieira toda a sua vida lutou por melhores condições sociais por aqueles que não tinham voz, que tinham receio, que mais precisavam. Em 2008 sai do movimento porque: “cansei de ver tantas coisas erradas, e não quis abraçar injustiças, já que meu modo de estar na vida era bem diferente. O sofrimento dos sem Terra é por demais evidente, mas o que piora a vida e condições dos Assentados é a união por algo que não é certo, que é errado, que é injusto”. Vieira me confidenciou que o movimento virou uma utopia, já que líderes colocam seres humanos como massa de manobra, por forma a enriquecerem ilicitamente.

A terceira mulher que quero que seja um espelho da homenagem a todas as mulheres do Mundo, se chama Bruna Aparecida de Mello Paulino. Esta menina, para mim é menina pelos seus 26 anos de idade, é um poço de esforço e dedicação à causa que foi convidada e abraçou com todas as suas forças.

Bruna é a Secretária mais nova da Gestão de Iaras. A ela coube a aventura de comandar a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Cidade. Sua formação é em Engenharia Agrônoma e Técnica em Agropecuária. Atualmente está cursando pós graduação em Gestão e Perícia Ambiental, bem como um curso técnico em Veterinária no Centro Paula Souza.

Para Bruna estar na frente de uma Secretaria é como atravessar o túnel da Rodovia de Tamoios, o maior túnel rodoviário do Brasil, com 5.555 metros, já que nunca sabe o que a espera. Planeja cuidadosamente o dia a dia, mas de um momento para o outro tudo corre de outra forma. Mas com a força do querer e vontade de ajudar a população enfrenta todas as situações, encara de frente os desafios, escuta críticas, mas supera todos os obstáculos e obtém conquistas para o Município e seus munícipes. Bruna me disse que: “o diálogo é minha prática comum, mas um dos problemas de lidar com o público é o entendimento entre o que se fala e o que as pessoas escutam ou entendem, mas não desisto porque amo o que faço e não faço para mim ou para a Gestão, faço para os Iarenses”.

Quando Bruna assumiu a Secretaria, a mesma só tinha um computador sem qualquer tipo de arquivo, e sem alguém a quem pudesse recorrer. Com a sua humildade foi crescendo, aprendendo e se orgulha da evolução da Secretaria que ela comanda.

Sinal do crescimento foi a aquisição de um caminhão de reciclagem com vista ao desenvolvimento da coleta seletiva e de um carro. Conseguiu focar no trabalho de maus tratos de animais e construiu um viveiro onde, pasme-se, já distribuíram mais de 15 mil mudas em apenas 6 meses. No viveiro tem o projeto adote uma árvore, em que as pessoas, depois de plantar, enviam uma foto para a Secretaria. Implementou dois projetos dos quais se orgulha. Troca de óleo de cozinha usado por novo e gincana escolar na Cidade e no Assentamento entre os alunos do 6º ao 9º ano.Conseguiu também tornar mais atuante a equipe de Defesa Civil.

Quando vi tudo que a menina Bruna faz, questionei se era casada e se tinha filhos, ao que me respondeu que só namora porque estuda bastante e trabalha bastante, mas as críticas falam que não faz nada.

Com tudo que vos relatei ainda vi a menina Bruna participar do Miss FAICC em Cerqueira César.Não se classificou mas, como sempre faz em sua vida, tirou frutos e lições do concurso. Se desafiou, se superou e se reeducou na alimentação, passou a cuidar mais da sua saúde.

Deixo aqui também a minha homenagem a uma Mulher com M maiúsculo e H maiúsculo, Helenice Martins, pois através dela todas estas histórias não estariam aqui hoje sendo escritas. Helenice, mulher forte, que luta pela família, que briga por sua amada Iaras, que muitas vezes coloca sua dor no bolso para cuidar da dor do próximo, esposa, mãe, amiga, que por longos anos tem ajudado muitos em sua cidade, principalmente as mulheres, que como qualquer mãe é zelosa com suas filhas e neto, esposa do meu querido amigo Alexandre, e minha amiga para toda a vida.

Helenice, tu és o retrato da mulher que não desiste nunca!

E vou terminar esta minha homenagem citando uma frase de Fernando Sabino, e enviando um carinho especial para a Vereadora Denise que foi verbalmente agredida por um ex Vereador, ex porque foi cassado, que não tendo outro tipo de argumentos usou ataques contra a pessoa e não contra a Vereadora, mostrando claramente o despreparo até para ser candidato a Vereador ou Prefeito. A política se faz com diálogo, debate de ideias e uma pessoa política influencia a forma como a sociedade é governada, não somente para pessoas que estão em cargos, como também para aqueles que almejam uma eleição ou até mesmo uma indicação. Fui ler as antigas crónicas que escrevi e vi que já falei bem do ex Vereador, mas agora, pela segunda vez, afirmo que errou forte e feio. Quem o apoia vai achar bonito e aplaudir, mas se analisarem bem o vídeo podemos comprovar ataques feitos de forma vil a uma representante do Legislativo.

Mas como escreveu Fernando Sabino:

” Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um.”    Pedro Saldida

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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